O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a cerimônia sobre o projeto de lei do audiovisual para falar do quebra-quebra ocorrido ontem no Congresso e condenar o ato. Lula disse que o que houve foi "uma cena de vandalismo, de pessoas que perderam o limite da responsabilidade no trato da coisa pública e que pagarão pelo ato cometido."
- O que vimos ontem não foi uma cena de democracia, foi uma cena de vandalismo. As pessoas podem até não gostar do Congresso, mas todos somos testemunhas de que este país era menos seguro e menos gratificante quando não tínhamos o Congresso funcionando. Toda vez que um movimento extrapolar os limites da democracia ele não estará representando os anseios democráticos da sociedade. Na medida em que extrapolamos os limites impostos pela democracia estaremos cometendo atos ilegais, e portanto, estaremos à disposição de pagar o preço por desrespeitar a democracia - disse Lula, enfatizando:
- Quem praticou vandalismo pagará pelo vandalismo praticado. Quem pratica a democracia será beneficiado pela democracia que pratica.
Lula disse que vai continuar recebendo dirigentes de todos os movimentos sociais no Palácio do Planalto, argumentando que foi para isso que foi eleito, mas ressaltou que o que aconteceu ontem não foi um movimento reivindicatório.
- Não foi um movimento reivindicatório até porque não apresentou pauta. Na minha cabeça, sempre permeou a certeza de que a democracia também nos impõe limite de responsabilidade e limite das coisas que podemos ou não fazer - disse Lula, ressaltando que, se não se cumprem esses limites, são praticados atos ilegais.
O presidente lembrou que teve sua carreira forjada no movimento social, mas que nunca se comportou dessa maneira.
- Vocês sabem que eu nasci no movimento social, fiz as greves que tinham que ser feitas nesse país, fiz as passeatas para conquistar a democracia, fiz as caminhadas necessárias. Vim a Brasília fazer passeta, comício na frente do Congresso cobrar de deputado, mas na minha cabeça sempre permeou a certeza de que a democracia também nos impõe limite de responsabilidade.
Lula disse que há ministros que conversam com frequência com os movimentos sociais e lembrou que na semana passada fez um acordo com os trabalhadores rurais ligados à Contag.
- Aqui já entrou todo tipo de movimento que vocês possam imaginar e nunca criamos dificuldades para que o movimento pudesse vir aqui e vamos continuar agindo assim. Afinal de contas, foi para isso que ganhei as eleições.
Lula pediu ainda aos artistas que participaram da cerimônia e ao ministro da Cultura, Gilberto Gil, que saísse do Planalto e fossem imediatamente ao Congresso entregar o projeto de lei do governo que trata de audiovisual.
- Vocês vão ser o primeiro grupamento a ir ao Congresso depois do ato de ontem. É importante para dar certeza aos deputados, à impresa e a o presidente da República de que o que aconteceu ontem é uma coisa que não faz parte da cultura política e da visão de democracia.
Depois do encerramento da cerimônia, ao ser indagado sobre o que o PT deveria fazer com o líder dos sem-terra, Bruno Maranhão, atual secretário de movimentos populares do partido, Lula respondeu apenas:
- Deixem isso para o PT resolver, gente.
Já o presidente do PT, Ricardo Berzoini, disse que ainda não sabe dizer se Bruno Maranhão vai continuar ou não no partido. Ele afirmou que ainda deve se reunir com os dirigentes do partido para resolver o que será feito.
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