Presidente estadual do PMDB e engajado na campanha do governador gaúcho, Germano Rigotto, à sucessão presidencial, o ex-governador Orestes Quércia garante que não tem acordo: o partido deve lançar candidato ao Palácio do Planalto e também vai concorrer à sucessão do governador Geraldo Alckmin.
- O PMDB vai ter candidatura (a governador) e possivelmente eu serei o candidato - disse Quércia, rejeitando uma eventual aliança dos peemedebistas com o PT, em troca do apoio petista a seu nome para o Senado.
Segundo pesquisa Datafolha de 13 e 14 de dezembro, Quércia lidera a disputa de governador em todos os cenários, com índices entre 24% e 33%. Ele explicou que a discussão estadual, no entanto, só ocorrerá após a decisão sobre a candidatura presidencial. A prévia entre Rigotto e o ex-governador do Rio Anthony Garotinho está marcada para 19 de março. Veja a entrevista que Quércia deu ao Diário de S. Paulo.
Diário - Em 2002, o senhor teve cerca de 5,5 milhões de votos na disputa pelo Senado, mas não se elegeu. Qual a possibilidade de tentar uma vaga de senador pela segunda vez, agora com apoio do PT?
Orestes Quércia - Não existe essa possibilidade. O que existe é só a alternativa de eu ser candidato a governador. E isso vamos decidir depois de definir o candidato do PMDB à Presidência da República.
Diário - Mas o senhor foi procurado pelo PT. Como foi a conversa?
Orestes Quércia - Não fui. Li sobre isso nos jornais, mas não fui procurado.
Diário - O veto da então prefeita Marta Suplicy, em 2004, a uma aliança com o PMDB na disputa municipal prejudica a tentativa de acordo?
Orestes Quércia - Antes, em 2002, acabei não me elegendo (senador) porque o PT falhou comigo. Eles poderiam ter dado uma mãozinha para me eleger, mas acabaram reforçando a campanha do Wagner Gomes (do PC do B) exatamente para impedir que eu fosse eleito. Eles (PT) já tiveram a oportunidade de me ajudar e não ajudaram.
Diário - Então o senhor está decidido a concorrer a governador?
Orestes Quércia - Ainda não está decidido, mas a alternativa que tenho para decidir é essa: sou candidato ou não. Possivelmente serei, mas vamos definir primeiro nosso candidato a presidente. Nós (PMDB paulista) apoiamos Rigotto, porque consideramos que é o candidato que une o partido, pode ajudar o partido a ganhar a eleição.
Diário - Mas a candidatura Rigotto aparece com índices baixos nas pesquisas. O outro pré-candidato do PMDB, Anthony Garotinho, está melhor.
Orestes Quércia - Garotinho foi candidato a presidente (em 2002), enquanto o Rigotto ainda não teve uma visibilidade nacional. Vai ter com a campanha.
Diário - O PMDB tem um grupo grande apoiando Rigotto, outra parte com Garotinho e tem setores favoráveis ao apoio ao presidente Lula. Não é divisão demais num único partido?
Orestes Quércia - Não, porque é a pretensão de grupos diferentes. É como o PSDB e essa dúvida entre (o governador Geraldo) Alckmin e o (prefeito José) Serra, entre a intervenção da cúpula ou uma prévia. No nosso caso, acredito que, se o Garotinho ganhar a prévia, ele não soma o partido, porque nenhum governador o apóia. Quem tem condições de somar o partido é o Rigotto e, por isso, a perspectiva dele é muito melhor, apesar das pesquisas.
Diário - A polarização que já existe entre PT e PSDB não dificulta o surgimento de um terceiro candidato competitivo?
Orestes Quércia - Há uma figura política conhecida como Tercius. Às vezes quando há uma radicalização entre dois candidatos, há o Tercius, o terceiro nome que surge como uma alternativa. E pode ser o Rigotto.
Diário - Repetindo o desempenho dele na disputa pelo governo gaúcho em 2002?
Orestes Quércia - Sim. Naquela ocasião, um candidato tinha 39%, o outro tinha 37% e ele tinha 2% e acabou ganhando a eleição.
Diário - O PMDB faz parte do governo Lula. Concorda que seria mais lógico o partido apoiar a reeleição do presidente?
Orestes Quércia - Quem apóia o governo federal é o grupo do (senador José) Sarney e do (senador) Renan (Calheiros). Mas, na votação interna, eles não têm força política para mudar essa tendência pela candidatura própria. Não há nenhuma possibilidade de o PMDB apoiar o presidente Lula.
Diário - Isso no primeiro turno. Já no segundo...
Orestes Quércia - Se ocorrer de o nosso candidato não ir para o segundo turno, temos que avaliar na época oportuna. Não podemos avaliar antes, porque enfraquece o sentido da campanha.
Diário - Na disputa estadual, é certo que o PMDB terá candidato ou isso ainda será discutido?
Orestes Quércia - O PMDB terá candidato. É importante, temos que ter candidato em todos os níveis para nos fortalecer. Ficamos em situação difícil porque não tivemos candidato próprio em duas eleições.
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