Uma das mais aguerridas defensoras da presidente da República Dilma Rousseff (PT) ao longo do processo do impeachment, a senadora paranaense Gleisi Hoffmann (PT) subiu na tribuna do plenário pouco depois das 17 horas para fazer o último discurso antes da votação sobre o impedimento da petista, previsto para a manhã desta quarta-feira (31). A senadora começou dizendo que queria registrar sua “indignação” com o “pífio momento do parlamento brasileiro” e ressaltou o que chama de “poderosíssima campanha desencadeada” contra a presidente Dilma e também o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Quis o destino que, depois de um sobrevivente das seculares dificuldades nordestinas, tivéssemos a improvável ascensão de uma mulher ao cargo”, iniciou a parlamentar.
No caso da presidente Dilma, a senadora coloca a questão do gênero como um fator importante em todo o episódio. “Não há como negar também a forte dose de misoginia que perpassa a oposição à presidenta. Sentimentos machistas não suficientemente domados afloram e engrossam o coro contra a Dilma”, apontou a petista.
Placar do impeachment aponta votos suficientes para o afastamento definitivo
Leia a matéria completaPara Gleisi Hoffmann, o comportamento da maioria durante o julgamento teria sido diferente se o alvo fosse um homem, ao invés de “uma presidente fora do círculo dominante, de esquerda, portanto desajustada à normalidade que vem desde 1889, e ainda por cima mulher, e sem marido”.
“Nos últimos anos, avançamos a galope em iniciativas de proteção e promoção às mulheres brasileiras. Mesmo que não confessem, é claro que isso incomoda muita gente. E a tentativa de derrubá-la tem, então, esse ingrediente: mandar a mulher de volta para casa e, de preferência, para cozinha. Ou não é expressivo e revelador a Esplanada dos Ministérios 100% masculina do interino Michel Temer?”, criticou ela.
Na linha do que fez seu colega de bancada, Roberto Requião (PMDB), Gleisi também disse que acredita em uma gestão “desastrosa” caso Michel Temer se confirme no cargo. “Me aperta o coração o retrocesso que esse país terá. É impressionante a capacidade de nossas classes dominantes de fazer a roda girar para trás. Assim é a história brasileira, secularmente. Mas o povo que provou o gosto de ser sujeito da sua história não vai voltar à chibata”, concluiu ela.
Gleisi Hoffmann foi a décima sétima parlamentar a discursar. Os discursos dos senadores – cada um tem direito a usar a tribuna por até 10 minutos – devem avançar pela madrugada.
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