A presidente Dilma Rousseff (PT) voltou a criticar, nesta terça-feira (26), em Salvador, o processo de impeachment em curso e disse que se trata de golpe e que é “uma tentativa de eleição indireta”.
“Eles querem sentar na minha cadeira sem voto. Isso é muito confortável. Você não tem que prestar conta para o povo brasileiro. Não tem que explicar o que vão fazer os programas sociais”, afirmou.
Temer chama de “golpe” antecipação de eleição presidencial
Leia a matéria completaSegundo Dilma, o programa proposto pelo possível novo governo do vice-presidente Michel Temer (PMDB) deverá reduzir programas sociais com o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida.
“O programa deles começa com uma coisa muito grave porque fala em revistar os programas sociais. Revistar é diminuir a quantidade de dinheiro que o governo federal coloca em programas como o Minha Casa, Minha Vida”, disse.
Falando para um público de militantes e beneficiários do programa habitacional, a presidente afirmou que é “vítima de uma grande injustiça”, pois ela não cometeu crime de responsabilidade.
Ainda criticou os opositores, afirmando que “quem propõe um golpe, pode praticar qualquer ato”. E defendeu a luta contra o golpe, mas com paz e tolerância.
“Não somos violentos. Violentos são aqueles que estão contra nós e fazem toda sorte de provocação. Nós queremos a paz, nós não hostilizamos as pessoas porque elas são diferentes de nós”, disse
Com o processo de impeachment a ser votado em comissão no Senado, a presidente foi recepcionada por um movimento batizado “Mulheres Baianas pela Democracia” que organizou um “abraçaço” de solidariedade a Dilma.
Dilma recebeu flores e foi cumprimentada por mulheres do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), da Central Única dos Trabalhadores (CUT), além de deputadas e secretárias estaduais da Bahia.
Nas mãos, cartazes com frases como “Dilma não está só” e adesivos com os dizeres “Brasil contra o golpe” e “mais direitos, mais democracia”. Juntas, as mulheres gritaram “Dilma, guerreira, da pátria brasileira”.
Em discurso, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), classificou como “vergonhosa” a votação da Câmara que aprovou a abertura do processo e chamou de “traíras” os que votaram pelo abastamento da presidente.
‘Vice de palavra, de caráter’
O governador ainda cumprimentou o vice-governador João Leão (PP), investigado na Lava Jato, e o comparou indiretamente ao vice-presidente Temer.
“Esse vice tem palavra. Esse vice não é traidor. Esse vice tem caráter e não apunhala pelas costas”, disse o governador. Na votação do impeachment, o filho do vice-governador, deputado Cacá Leão (PP), absteve-se de votar.
João Leão ficou mais conhecido nacionalmente depois de ter dito, à Folha, estar “cagando e andando, em bom português, na cabeça desses cornos todos”. Na declaração, ele se referia às investigações da Lava Jato.
Essa é a primeira vez que a presidente visita Salvador após a abertura do processo de impedimento na Câmara de Deputados. Além de ser uma das principais bases eleitorais do PT e com um governador petista, a Bahia foi um dos três estados no qual a maioria dos deputados votou contra o impeachment.
Depois da aprovação na Câmara, o processo de admissibilidade do impeachment deve ser votado no Senado no dia 11 de maio. Dois dos três senadores baianos -Otto Alencar (PSD) e Lídice da Mata (PSB)- já anunciaram que votarão contra.
Caso o processo seja aprovado por maioria simples, a presidente ficará até 180 dias afastada do cargo, que será assumido pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB).
Minha Casa, Minha Vida
A presidente Dilma Rousseff veio a Salvador para entrega de 2,8 mil unidades do Programa Minha Casa, Minha Vida no bairro Fazenda Cassange, na periferia da capital baiana.
A solenidade também marcou a entrega simultânea de outras 2,5 mil casas nas cidades de Caucaia (CE), Santa Maria (RS), Pirassununga (SP) e São Carlos (SP), onde as cerimônias foram conduzidas por ministros e secretários-executivos. Os empreendimentos são destinados a famílias com renda de até R$ 1,6 mil.
Dilma Rousseff tem usado viagens pelo país para defender o seu governo e classificar como “golpe” o processo de impeachment em curso.
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