O rabino Henry Sobel, de 63 anos, prestará 100 horas de serviços comunitários a duas instituições sociais um lar dedicado a crianças mantido pela Congregação Israelita Paulista e uma entidade voltada à população de baixa renda, a União Brasileiro-Israelita do Bem-estar Social (Unibes), no bairro do Bom Retiro, no Centro de São Paulo.
Ele afirmou ao site de notícias G1 que um acordo entre seus advogados e um promotor público norte-americano foi fechado nesta terça-feira (29) para o arquivamento do inquérito que investigava nos Estados Unidos o furto de gravatas. "O acordo foi humano, visa corrigir os erros cometidos. É muito difícil para mim explicar o inexplicável. É perfeitamente compreensível cumprir o acordo, uma vez que ele visa melhorar a condição humana", disse o rabino.
As entidades sociais, escolhidas por Sobel com o consentimento do promotor norte-americano, são voltadas a crianças e adultos, independentemente de suas religiões. As instituições têm atividades educacionais e providenciam alimentos e agasalhos à população de baixa renda.
Acompanhamento
De acordo com Sobel, outra condição para o acordo é um acompanhamento psicológico para evitar o abuso de medicamentos que, segundo ele, foi o que aconteceu na ocasião em que foi internado após o furto de quatro gravatas nos Estados Unidos.
Uma equipe de psicólogos do Hospital Albert Einstein, que o acompanha desde sua chegada a São Paulo, em março passado, vai enviar à Promotoria do condado de West Palm Beach (Flórida) relatórios sobre sua evolução.
Passados dois meses da detenção nos Estados Unidos, Henry Sobel diz que continua "muito traumatizado" com o ocorrido, mas disposto a superar. No entanto ele já faz planos de retornar em junho à presidência da Congregação Israelita Paulista, da qual está licenciado. "Confesso que estou sob o impacto de uma experiência dramática e traumática. O pesadelo vai ser superado logo quando eu voltar ao meu serviço."
Reclassificação
Em abril, a Justiça dos Estados Unidos decidiu reclassificar o caso de Sobel. A promotoria do estado norte-americano da Flórida decidiu que o rabino responderia a apenas três acusações de pequenos furtos e transferiu o processo do tribunal estadual para o tribunal do condado de Palm Beach.
Segundo a promotoria estadual da Flórida, no último dia 16, as acusações de furto foram reclassificadas pela promotora assistente Jill Richstone. Com a diminuição nos agravantes da acusação, mesmo se fosse condenado, Sobel não correria mais o risco de ir para a cadeia.
O rabino foi preso no dia 23 de março, segundo a polícia norte-americana, após ter sido flagrado pela câmera da loja Louis Vuitton em Palm Beach. Detido, foi fichado por furto, passou a noite em uma cela e foi liberado no dia seguinte depois de pagar fiança de US$ 3 mil (R$ 6.200, na época).
Internação
Após a divulgação da prisão, já no Brasil, no dia 29 de março, Sobel pediu afastamento do cargo de presidente do rabinato da Congregação Israelita Paulista (CIP).
No dia seguinte, 30 de março, Sobel foi internado no Hospital Albert Einstein, no Morumbi, Zona Sul de São Paulo, após um episódio de "transtorno de humor", com sinais de "descontrole emocional" e "alterações de comportamento", segundo o hospital. O boletim dizia ainda que o Rabino utilizava remédios que são causadores potenciais de "confusão mental" e "amnésia".
"O paciente estava sob tratamento medicamentoso e, por insônia severa, vinha fazendo uso imoderado de hipnóticos diazepínicos, causadores potenciais de quadros de confusão mental e amnésia", afirmava o documento, assinado pelos médicos José Henrique Germann e Flavio Huck.
No dia 7 de abril, ele deixou o hospital sem falar com a imprensa. Durante a internação, ele chegou a dar uma declaração pública, pedindo desculpas "pelo transtorno" que criou para todos. E completou: "o Henry Sobel que cometeu aquele ato não é o Henry Sobel que vocês conhecem".
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