A disputa interna no PSDB do Paraná provocou um novo racha no partido com a destituição do líder da bancada na Assembléia Legislativa, Ademar Traiano. O deputado, que está em campanha para Osmar Dias (PDT) e faz oposição ao governo, foi substituído por Nélson Garcia, que defende a aliança com o PMDB. Para a bancada, a troca foi democrática, mas Traiano interpretou a decisão como um ato truculento que revela "desespero".
As principais lideranças do partido estão medindo forças desde a convenção estadual do último dia 29, quando a maioria dos convencionais por uma diferença de cinco votos decidiu apoiar o PMDB do governador Roberto Requião e confirmar o nome do presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão (PSDB) como vice. Apesar do resultado, a aliança com o PMDB foi barrada pela executiva nacional e a validade da coligação depende da decisão do TRE.
A briga entre os dois grupos acabou provocando reflexos diretos na Assembléia Legislativa. Dos nove deputados do PSDB, apenas o presidente do partido no Paraná, Valdir Rossoni e o líder da bancada, Ademar Traiano, fazem oposição ao governo e estão tentando impedir de todas as formas a aliança com Requião.
Os seis deputados, que já declararam apoio à reeleição do governador e estão empenhados em eleger Hermas Brandão vice, decidiram tirar a liderança da bancada das mãos de Ademar Traiano. Fiéis ao presidente da Casa, a decisão teria sido tomada em conjunto.
O indicado por unanimidade para o cargo foi o deputado Nélson Garcia, que representa a região de Umuarama. "Não estava pleiteando nada, mas todos entenderam que Traiano já deveria ter saído há muito tempo porque tem uma postura de oposição que não representa a posição da maioria da bancada", explicou Garcia. "Tenho bom relacionamento com Rossoni e Traiano e respeito a posição deles, mas a maioria ganhou a convenção e eles não aceitaram o resultado. Agora, a mesma maioria decidiu mudar o líder. Foi uma decisão democrática."
Os deputados decidiram também que, se não der certo a aliança, vão continuar apoiando o PMDB de maneira informal. "Assumimos o compromisso de trabalhar para Requião de qualquer jeito", disse.
O deputado Ademar Traiano recebeu com surpresa a troca e garantiu que não foi comunicado oficialmente. "Acho isso um ato de desespero de quem tomou essa decisão truculenta, sem respeitar aquilo que é da democracia. Sempre respeitei a posição dos deputados que estão com o PMDB, mas isso que fizeram foi calcado no princípio de ditadura, da imposição", afirmou.
Traiano disse ainda que a "retaliação" não vai mudar sua posição em relação ao senador Osmar Dias porque há dois anos está defendendo a candidatura do pedetista. "Nada me afetará, pelo contrário, terei mais estímulo ainda para pedir votos para ele e vou manter a minha palavra, ao contrário de outros que no passado também defendiam o Osmar", declarou.
Hoje, Traiano cumpre agenda de campanha com Osmar Dias em Francisco Beltrão. Na semana passada também esteve com o candidato no município de Cascavel.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura