Passo a passo
Quais são as etapas para a realização de uma consulta popular sobre a reforma política:
Quem pede
De acordo com o artigo 14 da Constituição, a convocação de plebiscito ou referendo cabe apenas ao Congresso Nacional. A mensagem enviada anteontem pela presidente Dilma Rousseff com a proposta de cinco temas para um plebiscito sobre reforma política tem caráter apenas de sugestão.
Tipo de consulta
Ainda persiste um racha no Congresso sobre qual tipo de consulta deve ser feita. Os governistas defendem um plebiscito, que só pode ser convocado previamente à criação do ato legislativo (no caso, a reforma política). A oposição quer um referendo, a ser convocado posteriormente à aprovação de uma reforma pelos parlamentares.
Tramitação
Se o Congresso levar mesmo a ideia do plebiscito adiante, o primeiro passo será a aprovação de um projeto de decreto legislativo (PDL), que definirá as perguntas da consulta pública. Segundo a Lei 9.709/98, que regulamenta a realização de plebiscitos, o PDL precisa do apoio de no mínimo um terço dos membros da Câmara ou Senado para começar a tramitar.
Convocação
O projeto precisa ser aprovado pelas maiorias absolutas das duas Casas. Depois da aprovação final, o Congresso aciona o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A partir desse momento, a consulta deve ser realizada em 70 dias.
Divulgação
Ao longo dos 70 dias, a Justiça Eleitoral fará a organização do processo eleitoral. O voto é obrigatório e as questões do plebiscito serão debatidas por frentes de campanha a favor e contra.
Resultado
O plebiscito não vai provocar por conta própria mudanças na legislação. As respostas da população vão apenas embasar a formulação, por parte do Congresso, de um ou vários projetos sobre os temas abordados na consulta.
Interatividade
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Prazo apertado, rachas partidários e dúvidas jurídicas devem impedir que o plebiscito sobre a reforma política defendido pela presidente Dilma Rousseff seja realizado a tempo para mudar as regras da disputa eleitoral de 2014. Manifestações do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da cúpula peemedebista também passam incerteza até sobre a aprovação posterior da proposta.
Nesse cenário, volta a ganhar corpo a ideia defendida pela oposição de que as alterações sejam submetidas à consulta popular por referendo ou seja, primeiro seriam aprovadas pelo Congresso e depois chanceladas ou rejeitadas pela população. No caso do plebiscito, a ordem se inverte: primeiro a população é consultada e, depois, os parlamentares a referendam.
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o prazo mínimo para a organização de um plebiscito é de 70 dias após a aprovação de um projeto de decreto legislativo (PDL) sobre o tema pelo Congresso. A Câmara confirmou ontem que vai instalar uma comissão para analisar a sugestão de Dilma sobre os temas do plebiscito na próxima terça-feira. O grupo será formado por oito deputados (cinco indicados pelos cinco maiores partidos e três por partidos menores) e terá um prazo de 90 dias para apresentar um relatório.
Depois de passar pela comissão, o PDL precisa ser aprovado pelo plenário e, depois, pelo Senado. Por si, a soma dos períodos de tramitação do projeto e do prazo estipulado pelo TSE praticamente descarta a possibilidade de mudanças já para o ano que vem. Segundo a Constituição, as mudanças nas leis eleitorais só têm efeito para o pleito subsequente se começarem a vigir um ano antes da data da eleição no caso de 2014, 5 de outubro.
Além disso, a ata da reunião realizada na terça-feira entre a presidente do TSE, Carmen Lúcia, e os presidentes dos 27 Tribunais Regionais Eleitorais deixou dúvidas sobre a viabilidade legal de realização do plebiscito no caso de as respostas não provocarem efeitos na eleição seguinte. O documento indica que, caso as mudanças orientadas pela consulta não tenham validade para 2014, pode haver "deslegitimação da chamada popular". Por essa interpretação, o plebiscito só poderia ser realizado após o pleito de 2014, com validade para a disputa municipal de 2016.
Principal aliado de Dilma na defesa do plebiscito no Congresso, Renan Calheiros afirmou ontem que continua apoiando a proposta, mas que ela poderá ser recusada pelos parlamentares. "Eu defendo o plebiscito, mas sinceramente nós não sabemos se ele será aprovado", declarou.
Anteontem à noite, a executiva nacional do PMDB, legenda que reúne a maior bancada do Senado e a segunda maior da Câmara, divulgou nota em que se posiciona a favor de um plebiscito ou referendo, mas quer abordar outros dois temas que ficaram de fora da lista de cinco itens da mensagem de Dilma reeleição e tempo de mandato. O texto do PMDB também cita que, se antes da realização do plebiscito o Congresso formalizar paralelamente um projeto de reforma política, o partido vai apoiar a votação da proposta e vai defender que o resultado seja submetido a um referendo.
"Não podemos simplesmente desconsiderar os debates que foram feitos no Congresso ao longo das duas últimas décadas", defendeu o tesoureiro-adjunto do partido e chefe de Relações Institucionais da Vice-Presidência da República, Rodrigo Rocha Loures.
Até as perguntas vão gerar polêmica
A polêmica em torno da possível realização de um plebiscito sobre a reforma política vai abranger aspectos semânticos da formulação das perguntas da consulta. O mesmo conflito aconteceu em 2005, no referendo sobre o Estatuto do Desarmamento. Na época, os eleitores responderam à questão: "O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?"
A pergunta foi considerada "contraintuitiva" por especialistas, já que a resposta afirmativa (sim) indicava a proibição da comercialização de armas de fogo, enquanto a negativa (não), a permissão. Ao final, a campanha pelo "não" venceu com 64% dos votos válidos. "A forma como a pergunta é apresentada pode ser um drible no que seria a vontade real do eleitor", alerta o professor de Comunicação Política Gaudêncio Torquato, da Universidade de São Paulo.
Um dos primeiros a apresentar perguntas para o atual plebiscito proposto pela presidente Dilma Rousseff foi o deputado federal Henrique Fontana (PT-RS). Ele elaborou seis questões. Três delas são relacionadas ao financiamento das campanhas: "Você concorda que as empresas façam doações para campanhas eleitorais?", "Você concorda que pessoas físicas façam doações para campanhas eleitorais?", "Você concorda que a lei estabeleça um limite de gastos igual para todos os candidatos que disputam o mesmo cargo?"
Fontana e a direção do PT são defensores do financiamento público. Ele admitiu que haverá disputas com relação à formulação das perguntas sobre o tema. "A democracia é sempre feita de polêmicas e impasses. Só há uma maneira de resolver isso, pelo voto", disse o deputado.
Em 2011, levantamento feito pelo Instituto Paraná Pesquisas a pedido do deputado paranaense Sandro Alex (PPS) abordou a questão de outra forma e perguntou a eleitores curitibanos se eles eram favoráveis ao financiamento público de campanhas 86% responderam que não.
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