Relatório da Urbs mostra que houve uma série de falhas nos radares da região| Foto: info

Relatório da Urbs entregue à Delegacia de Delitos Trânsito de Curitiba revela que, nas horas anteriores, posteriores e no momento do acidente envolvendo Fernando Ribas Carli Filho, os radares da região em que ocorreu a colisão registraram a passagem de centenas de veículos, mas não o carro do ex-deputado.

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O radar imediatamente anterior ao local do acidente, na Rua Monsenhor Ivo Zanlorenzi, a cerca de 600 metros do ponto da colisão, registrou a passagem de 210 veículos entre as 23 horas do dia 6 de maio e as 2 horas do dia 7 (o acidente ocorreu à 0h40 do dia 7). Todos os carros estão identificados pelas placas e a maioria deles entrou no registro da fiscalização eletrônica mesmo estando em velocidade abaixo da máxima permitida (o sistema de radares registra todos os veículos, tanto os que excedem o limite de velocidade como os que cumprem a legislação). Mas o veículo de Carli Filho, que estava acima da velocidade permitida, não consta da relação.

Outro detalhe curioso é que o radar, segundo o relatório, só registrou os carros que passaram nas pistas 2 e 3 da rua e não os que circularam pela pista 1 (a pista 4 é a destinada ao estacionamento de veículos).

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O relatório da Urbs, que foi solicitado pela Delegacia de Trânsito para investigar o acidente e ao qual a Gazeta do Povo teve acesso, revela ainda outras possíveis falhas do sistema de fiscalização eletrônica da cidade. O radar da Rua Pedro Viriato Parigot de Souza próximo à Rua João Falarz, por onde o então deputado pode ter trafegado antes de pegar a Ivo Zanlorenzi, omite as placas dos veículos que por ali circularam nas horas anteriores e posteriores ao acidente. Entre as 23 horas do dia 6 e as 2 horas do dia 7, o radar registrou apenas 32 veículos. A placa de nenhum deles foi registrada, segundo o relatório. Todos passaram exclusivamente pela pista 1. E não há registro de carros circulando pelas pistas 2 e 3.

Explicação

Procurada pela reportagem, a diretora de trânsito da Urbs, Rosângela Battistella, afirmou que condições climáticas e falta de iluminação podem fazer com que os radares não registrem a passagem de veículos.

Ela ainda comentou que, na madrugada, os motoristas costumam evitar passar na pista mais próxima de onde estão instalados os radares (por padrão, sempre a pista que tem a denominação "1"). Esse comportamento dos condutores explicaria a ausência de registros, na noite do acidente, de carros na pista 1 do radar mais próximo do local da colisão, na Rua Monsenhor Ivo Zanlorenzi. Ela não explicou, porém, por que o radar da Rua Pedro Viriato Parigot de Souza teria registros de carros apenas na pista 1 e não nas pistas 2 e 3, como seria mais comum ao comportamento dos motoristas.

Outros radares

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Além dos registros dos radares da região do bairro Mossunguê, onde ocorreu o acidente, a Urbs ainda encaminhou à delegacia um relatório da fiscalização eletrônica nas ruas Carlos de Carvalho e Padre Agostinho – as duas principais vias que ligam o restaurante onde o ex-deputado Carli Filho jantou e bebeu até a região da colisão, que resultou na morte de dois jovens.

A resposta da Urbs novamente não traz informações sobre o carro que o então deputado estadual dirigia. O radar da Carlos de Carvalho apenas registra as placas dos carros em duas faixas – a central e a mais perto do aparelho (faixas 1 e 2). Já o radar da Padre Agostinho omite a faixa perto do radar (a de número 1) e registra as duas mais afastadas. Nenhum dos registros trouxe a placa do carro usado pelo deputado.