A polícia de Santos, no litoral paulista, informou que Daniel de Souza, de 28 anos, agredido até a morte por cerca de 40 pessoas na última terça-feira, não é o assassino de Letícia Rodrigues da Silva, de 10 anos. A menina foi morta com requintes de crueldade há uma semana.
Dois dias depois do linchamento, a polícia descartou a participação dele no crime. Santos já tinha antecedentes criminais por roubo e era viciado em crack. Para sustentar o vício, ele roubaria residências.
- Por esse motivo, ele não era bem visto na região em que morava. Talvez algumas pessoas tenham se aproveitado da ocasião -afirmou o delegado do 4 DP de Santos, Juvenal Marques Ferreira Filho.
O boato correu Paquetá, bairro em que Daniel morava com a família. Segundo o delegado, aparentemente um grupo de desafetos de Souza iniciou a agressão e outros moradores do bairro se juntaram a eles para linchá-lo. O rapaz foi morto com chutes, pedradas, pauladas e golpes de barras de ferro.
Segundo a mãe de Daniel, a ambulante Maria do Nascimento, de 66 anos, o rosto do filho ficou desfigurado.
- Juntou uma multidão. Veio gente de todo o lado. Meu filho não era estuprador. Sempre respeitou as crianças. Mas quem fez isso com ele vai ter de pagar. Sei que vai ser difícil para a polícia encontrar os culpados porque quem matou já se escondeu. Um vai encobrir o outro - disse ela.
De acordo com o delegado Ferreira Filho, a ação dos linchadores foi muito rápida e não deu tempo para que alguém pudesse chamar a polícia.
- Estamos caminhando para uma situação em que ninguém mais se importa com ninguém - disse o policial.
Daniel já tinha sofrido duas tentativas de linchamento.
- No dia anterior à morte dele, algumas pessoas tentaram linchá-lo. Nessa ocasião ele foi orientado a não voltar mais para o bairro em que morava - conta o delegado.
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