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O balconista Iderlan Xavier da Silva, de 34 anos, que no último sábado foi preso por tentar furtar do patrão 200 gramas de contrafilé, avaliados em R$ 3, vai trabalhar em uma churrascaria no centro de Osasco, na Grande São Paulo. O comerciante José Marcio Ferreira de Andrade, de 50 anos, dono do Restaurante Aconchego, diz que todas as pessoas merecem oportunidade.

- Bandido, não nasce bandido. Ele se transforma em criminoso devido às circunstâncias - afirma.

Silva fazia bicos no restaurante como garçom em fins de semana e, segundo o comerciante, é uma pessoa boa.

- Sábado foi o furto de um bife. Se ninguém estender a mão para ajudá-lo a apagar o passado, amanhã será um boi - observa Andrade, há 24 anos estabelecido na Rua Pedro Fioretti, 27.

O comerciante diz que já conversou com os outros funcionários e avisou que não aceitará brincadeiras com o colega.

- Temos de ajudá-lo a se reintegrar, não o excluir - diz.

O balconista, que agora será garçom, reconhece que errou. Mas acha que pagou muito caro por 200 gramas de carne.

- Não imaginava que ia acontecer tudo isso. Peguei o bife escondido do patrão, não dos funcionários. Achei que não ia sentir falta porque era sobra - explica.

Ele saiu quarta-feira do Centro de Detenção Provisória 1 (CDP) de Osasco. Silva diz que só não pediu a carne ao dono da padaria onde trabalhava porque o padrão ia marcar no caderninho e descontar de seu salário, de R$ 580.

- Tó todo enrolado em dívidas. Pego empréstimo para pagar outro. O que ia receber já tava gasto. Aí, quando minha filha pediu carne, não pensei em mais nada -justifica.

Ele é pai de Sthefani, de 3 anos, e Talita, de 6. A família mora numa área invadida do Jardim das Bandeiras, periferia de Osasco. A casa é de madeira, com apenas uma parede de blocos de concreto.

- Só deu para fazer isso, por enquanto. Mas não adiantou, porque foi só chover e alagou tudo dentro - conta.

O balconista afirma que não guarda mágoa do ex-patrão, o comerciante Manuel Monteiro Nogueira.

- Se fosse por ele, sei que ia reconsiderar e tentar conversar. Mas tenho certeza que só chamou a polícia porque a mulher exigiu - comenta.

Nesta quinta-feira, a fachada da padaria Pães e Doces Torres, onde Silva trabalhava, amanheceu pichada. "Cadeia é só para pobre. Pimenta Neves, Lalau, soltos", eram algumas das frases escritas com spray preto. Os donos da padaria dizem que chamaram a PM porque havia freqüentes furtos e precisavam dar exemplo aos outros funcionários.

- Agora, tudo que aconteceu lá vão dizer que fui eu, é lógico - defende-se Silva.

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