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A Promotoria de Investigação Criminal (PIC) e políticos ligados à campanha de Osmar Dias (PDT) ao governo do estado foram os alvos do policial civil Délcio Rasera, durante seu depoimento ontem à noite aos deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Grampo. "Estes homens (promotores da PIC) não estão a serviço da Justiça. Estão a serviço da oposição ao governador Requião", disse o investigador.

O investigador afirmou que foi procurado por um membro da campanha de Osmar durante o segundo turno das eleições na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, onde está preso há 102 dias. O político teria proposto que ele afirmasse que fazia escutas ilegais para o governador, em troca de um acordo. "Não culpo ninguém que nada deve só para livrar a minha pele", afirmou.

Rasera denunciou que dois indiciados no mesmo processo que ele, por receptações telefônicas ilegais e formação de quadrilha, teriam feito um acordo para receberem benefícios. Os técnicos em telefonia Isaque Pereira da Silva e Juraci Pereira de Macedo teriam sido coagidos pelos promotores da PIC a dizer que fizeram grampos para Requião. "Não sei o que eles receberam, mas foi tudo uma armação."

O investigador afirmou que foi cedido à Casa Civil em fevereiro de 2003. Ressaltou que não estava sob o comando de um chefe. Ou seja, trabalhava por conta própria, dentro de uma função que descreveu como de "atendente". Disse que recebia informações de várias fontes, como deputados estaduais e secretarias.

Garantiu que, nesse trabalho, foi o responsável por desmanchar um esquema de desvio de dinheiro da Sanepar. Também teria levantado informações sobre a atuação no Paraná da facção criminosa Terceiro Comando, ligada ao Comando Vermelho, do Rio de Janeiro. Explicou que não tinha um cargo, recebia o mesmo salário de um investigador comum para executar uma função diferenciada.

Durante dois anos e meio na Casa Civil, Rasera disse que se encontrou com Requião oito vezes. Contou que sentia admiração por ele e se posicionou ao seu lado. "Saí vencedor de toda essa história, pois o meu candidato ganhou." Por outro lado, afirmou que nunca teve contato com o ex-governador Jaime Lerner.

O policial negou que tenha executado escutas telefônicas ilegais. Disse que sua empresa particular trabalhava apenas com varreduras para descobrir se seus clientes estavam grampeados. "Se uma família desconfiava que o filho estava se drogando, aí eu ia lá e grampeava, mas com autorização", disse.

Em seus ataques, Rasera declarou que sua prisão fez parte de uma trama familiar envolvendo o coordenador da PIC, Paulo Kessler. Toda a investigação, segundo ele, começou com o grampo do pai da sobrinha do promotor, Deni Mateus dos Santos, que estaria em uma disputa judicial pela guarda da filha. "Eles (família Kessler) fizeram tudo para poder vigiar o Deni."

Deni está envolvido na investigação da morte de Marcelo Bertoldo, acusado de envolvimento no jogo do bicho em Campo Largo. Pelas escutas de Deni, chegou-se a Isaque Pereira da Silva, que trabalhava com Rasera. "Foi aí que o processo contra o Rasera foi parar em Campo Largo", afirmou o advogado do policial, Luiz Fernando Comegno.

Pela suposta vinculação do juiz da comarca da cidade, Gaspar Luiz de Mattos Araújo, com Kessler, o policial disse acreditar que tem pouquíssimas chances de não ser condenado. "É assim que o senhor Paulo Kessler atua. Escolhendo juízes para que as coisas corram bem. Mas a artimanha deu errado, porque o Requião ganhou a eleição", acusou.

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