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Ação da PF na residência oficial de Eduardo Cunha: PMDB com divergências. | Ueslei Marcelino/Reuters
Ação da PF na residência oficial de Eduardo Cunha: PMDB com divergências.| Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

O PMDB se dividiu nesta terça-feira (15) ao reagir à Operação Catilinárias. Enquanto o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), tentou passar a ideia de que a ação da Polícia Federal foi um ataque direto do governo ao partido, caciques da legenda, a começar pela ala do Senado, evitaram o confronto. Será neste clima de divisão interna que a Executiva nacional do partido se reúne hoje para tentar barrar novas filiações que tenham o intuito de fortalecer o bloco na Câmara apoiado pelo Palácio do Planalto, que deseja a volta de Leonardo Picciani (PMDB-RJ) à liderança da bancada na Casa.

A diferença de tom adotado foi clara, especialmente entre Cunha e o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga (PMDB), indicado pela bancada do Senado: “A gente sabe que o PT é o responsável pelo assalto que aconteceu no Brasil e na Petrobras, todo dia tem a roubalheira do PT sendo fotografada e, de repente, fazem uma operação com o PMDB. Tem alguma coisa estranha no ar”, afirmou Cunha.

Horas depois, Braga refutou a tese: “Eu acho que tudo foi feito na legalidade, com decisão do Supremo Tribunal Federal a respeito do tema. Portanto, faz-se cumprir a lei”.

Polícia Federal faz busca na casa de Eduardo Cunha

Autorizada pelo STF, nova fase da Lava Jato executa 53 mandados. Além do presidente da Câmara dos Deputados, são alvos os ministros Celso Pansera (Ciência e Tecnologia, PMDB-PA) e Henrique Alves (Turismo, PMDB-RN), o deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE), o senador e ex-ministro Edison Lobão (PMDB-MA) e o ex-presidente da Transpetro, Sergio Machado.

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Braço-direito do vice-presidente Michel Temer, o ex-ministro Eliseu Padilha preferiu defender seu partido e alfinetar o PT: “É um processo que já está em andamento. Não vejo nada demais. O PMDB existe nas 27 unidades da Federação do Brasil. Temos alguns nomes que por enquanto estão sendo só investigados. Não tem ninguém preso do nosso partido”.

Cunha ataca PT

O presidente da Câmara dos deputados, Eduardo Cunha, associou ao PT a operação que sofreu de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal e a derrota no Conselho de Ética.

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A reunião da Executiva marcada para esta manhã de quarta-feira e foi articulada pelo entorno de Temer e convocada às pressas pelo comando peemedebista. Apesar da pressão de parte do partido pelo rompimento imediato com o governo Dilma, a Executiva não deverá decidir antecipar a convenção partidária marcada para março. Os entusiastas do rompimento têm pedido a Temer que convoque a convenção para a última semana deste mês. Assim, 2016 começaria com o PMDB rompido com Dilma.

Para a cúpula do PMDB, não está claro que efeito a ação da Polícia Federal terá sobre o partido. Segundo fontes, Temer se mostrou cauteloso e comentou que “quem é inocente, vai apresentar sua defesa, e quem não é será devidamente investigado”.

Peemedebistas avaliaram que o partido dificilmente terá posição unificada. A Executiva decidiu não divulgar nota sobre a operação de ontem.

O ex-presidente Lula, que estará em Brasília nesta quarta (16) e quinta-feira (17), pretende se encontrar com Renan. Os interlocutores de Renan garantem que o PMDB do Senado manterá sua linha de alinhamento ao Palácio do Planalto, porque não confia em Temer.

Renan reage com irritação à ação da Polícia Federal

Com nomes ligados a si atingidos diretamente na nova fase da Operação Lava Jato , o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), demonstrou irritação, o que preocupa o governo. Até aqui, o peemedebista era um dos principais e últimos aliados poderosos do Planalto na tentativa de impedir a abertura do processo de impeachment contra Dilma Rousseff.

Pessoas próximas ao peemedebista dizem que ele ainda calcula qual será o próximo passo, mas relatam que, logo após a ação deflagrada pela Polícia Federal nesta terça (15), Renan começou a dar sinais de que pode abandonar a base de sustentação do Palácio do Planalto.

Em conversas privadas, o presidente do Senado sinalizou que haverá recesso parlamentar, pelo menos até meados de janeiro. Ele avalia ser preciso “baixar a temperatura” política. O governo defende que é preciso terminar o mais rapidamente possível as discussões sobre o processo de impeachment. Por isso, a tendência pró-recesso de Renan foi lida no Planalto como uma advertência.

A operação desta terça-feira também gerou incômodo na cúpula do PMDB, partido que reúne nesta quarta-feira (16) sua Executiva, já que a maior parte dos atingidos pertence à sigla. Na reunião, estará em discussão as filiações que o ex-líder do PMDB na Câmara Leonardo Picciani tem realizado para tentar recuperar a liderança.

A cúpula partidária quer vetar estas filiações para barrar a iniciativa do deputado carioca, que tem o apoio do governo e foi substituído por Leonardo Quintão (MG) com apoio do presidente da legenda, o vice Michel Temer (SP).

Segundo peemedebistas, caso a estratégia de Picciani dê sinais de sucesso, a Executiva pode até discutir uma antecipação da convenção da legenda, marcada para março, para votar um rompimento com o governo. Por enquanto, a orientação do vice-presidente Temer é ter cautela. Ele defende não discutir agora um rompimento oficial e quer esperar o cenário clarear.

Pessoas próximas ao peemedebista relataram que Sérgio Machado, ex-diretor da Transpetro ligado a Renan, teria sido acordado por agentes da PF com uma lanterna no rosto quando a operação foi deflagrada. Renan teria considerado a ação abusiva.

Diversas fases do impeachment podem ser diretamente afetadas por decisões de Renan. Por isso, um possível distanciamento do Planalto é visto com apreensão pelo governo e expectativa por alas que trabalham para encurtar a gestão da petista. Se romper com Dilma, avaliam parlamentares, Renan afundaria o governo petista de vez. Questionado, Renan se limitou a dizer que vinha colaborando com as investigações sempre que solicitado.

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