A oposição no Congresso Nacional disse nesta terça-feira (23) que vai cobrar explicações sobre a denúncia de que a decisão do governo de reativar a Telebrás beneficiaria um cliente do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Reportagem do jornal "Folha de S.Paulo" revela que entre 2007 e 2009, Dirceu, que responde a processo no Supremo Tribunal Federal por envolvimento no escândalo do mensalão do PT, recebeu pelo menos R$ 620 mil de Nelson dos Santos. Segundo o jornal, o empresário seria o principal beneficiário da recriação da Telebrás, por ser um dos donos da Eletronet.
Na última sexta-feira (19), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o governo vai recuperar a Telebrás para usar a antiga estatal de telecomunicações para ampliar a oferta de acesso à rede de internet de banda larga no país.
A declaração foi em resposta a uma pergunta sobre a valorização das ações da companhia, que teria sofrido um aumento de 35.000% desde o início do governo Lula devido aos boatos de reutilização da infraestrutura da empresa para a ampliação do serviço de banda larga.
A Eletronet, empresa que se beneficiaria com a reativação da Telebrás, possui 16 mil km de cabos de fibra ótica em 17 estados e no distrito federal. O governo era o único dono da empresa, mas vendeu a maior parte das ações da Eletronet em 1999. Sob controle privado, em 2003, a empresa pediu falência, mergulhada em dívidas de R$ 800 milhões. Neste cenário, Nelson dos Santos pagou R$ 1 por parte da Eletronet, com o compromisso de assumir parte da dívida da empresa.
Segundo o jornal "Folha de S.Paulo", agora Nelson dos Santos pode lucrar R$ 200 milhões, se o governo federal usar a rede de fibras óticas da Eletronet para o plano nacional de banda larga, que levaria a internet rápida a todas as regiões do país.
"São fatos gravíssimos porque ha uma condição muito ampla de estarem sendo lesados os contribuintes brasileiros e um grupo estar se favorecendo da ligação com o grupo do poder pra fazer dinheiro fácil", disse o lidero do DEM na Câmara dos Deputados, Paulo Bornhausen (SC).
A Advocacia-Geral da união disse que o governo retomou na justiça apenas a posse da rede de cabos de fibras óticas e não a divida da empresa falida. Para isso teve que pagar uma caução. Segundo a AGU, o uso da rede não vai beneficiar os sócios da Eletronet.
No blog que mantém na internet, José Dirceu não negou ter prestado serviço à empresa de Nelson dos Santos, mas disse que não teve nenhum poder de influência no processo.
Em Cuiabá, a ministra Dilma Rousseff afirmou que o governo ganhou a causa na justiça. "O processo pela qual a Eletrobrás tomou de volta as suas fibras óticas ocorreu na Justiça brasileira. Não foi objeto de negociação entre nós e nenhum credor. Nós ganhamos depois de 3 anos brigando na justiça", disse a ministra.
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