A tramitação do “pacotaço” de ajuste fiscal na Assembleia Legislativa escancarou o alto grau de desgaste na relação entre a base governista e o Palácio Iguaçu. Apesar de apenas um dos treze membros da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) ser da oposição, os aliados colocaram o líder do governo, Luiz Claudio Romanelli (PMDB), contra a parede e seguraram a aprovação do projeto. O recado tem como pano de fundo uma insatisfação generalizada com o tratamento recebido do Executivo, que “perdeu o rumo” em meio à crise financeira e política do atual mandato.
LEGISLATIVO: Nova edição do “pacotaço” mantém itens polêmicos
O natural seria a proposta ser aprovada sem dificuldades e seguir para análise das demais comissões. Os governistas, porém, defenderam a tese de que o projeto fere a legislação ao misturar num único texto quase duas dezenas de temas distintos. Acuado e pego de surpresa, Romanelli − que, na função de relator, já tinha dado parecer favorável à matéria – entrou em acordo com os “rebeldes” e houve um pedido de vistas coletivo. Com isso, o secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, irá à Assembleia na próxima terça-feira (7) para explicar a proposta em uma audiência pública.
Acostumados a dizer “amém” ao Executivo quase sempre, os deputados não foram mais os mesmos depois de chegarem à Assembleia num ônibus da tropa de choque, em meio à greve dos servidores em fevereiro. Após o episódio, os parlamentares aliados passaram a exigir um atendimento melhor do governo, que inclui o fim das tentativas de aprovar propostas a toque de caixa. O “pacotaço”, por exemplo, está tramitando em regime de urgência.
“O Sciarra [Eduardo, chefe da Casa Civil] tem personalidade forte, o Romanelli também, o momento político não é bom. É natural os deputados estarem assustados. O momento é de ajudar, mas também queremos participar”, afirma um deputado. “Demos um recado ao Romanelli. Que ele abra as portas do gabinete e converse com a base ou vamos atrapalhar a vida dele. Com o Traiano [líder na legislatura passada], não tínhamos esse tipo de problema.”
Os problemas na base incluem ainda o descontentamento da bancada do PSDB com o governador Beto Richa. Os deputados tucanos alegam que Richa ignora o próprio partido e atende melhor parlamentares de outras legendas. (ELG)