Os 470 presos rebelados da Cadeia Pública Laudemir Neves, em Foz do Iguaçu (Oeste do Paraná), completaram na manhã desta segunda-feira (15) 24 horas de controle total do local. Seis pessoas estão sendo mantidas como reféns, um carcereiro e cinco presos.
A rebelião começou por volta das 9h de domingo (14), quando os presos dos pavilhões do segundo andar subiram até o teto da cadeia, que tem capacidade para 350 detentos e abrigava no momento do motim 819 detentos.
O momento mais crítico aconteceu às 15h. Os rebelados penduraram três presos feitos reféns de cabeça para baixo. A Secretaria Estadual da Segurança Pública (Sesp) confirmou a existência de apenas um refém, contudo não soube informar a identidade do mesmo. Na manhã desta segunda, a rádio CBN informou a existência de seis reféns, entre eles um carcereiro.
No período da tarde de domingo, a Polícia Militar tentou controlar a rebelião, mas foi recebida com pedradas e precisou recuar. Durante a noite, cerca de cem policiais permaneciam do lado de fora da cadeia à espera da rendição dos rebelados. O delegado-chefe da Divisão Policial do Interior, Luiz Alberto Cartaxo Moura, se reúne na manhã desta segunda para tentar acabar com o motim.
Um detendo se jogou do telhado onde os presos permanecem. Ainda de acordo com a rádio, além dos ferimentos gerados pela queda o preso apresentava diversas marcas feitas com facas.
Violência em cadeia
A ação dos presos em Foz do Iguaçu teria ligação com a onda de violência registrada nos presídios paulistas, que já deixaram pelo menos 52 pessoas mortas. Os detentos estamparam uma faixa com as siglas PCP (Primeiro Comando do Paraná) e pintaram em outra as letras PCC (Primeiro Comando da Capital), organização criminosa paulista responsável pelos atuais conflitos nas penitenciárias paulistas.
No domingo (14), pelo menos outras três rebeliões foram registradas na região Oeste do estado. Em Cascavel, os motins iniciaram na madrugada. Os 495 presos arrebentaram, por volta das 6 h, todas as grades das duas alas do prédio da 15ª Subdvisão Policial (SDP). A ação aconteceu num dia em que apenas os policiais e presos estavam na delegacia dia de visita acontece aos sábados, quando o local fica cheio com os parentes dos detentos. O delegado de plantão, Donizete Botelho, disse que foram algumas horas de tensão até o fim do conflito, às 13h.
A delegacia, que fica no centro da cidade, foi cercada por dezenas de policiais civis e militares, para evitar uma fuga em massa. Os presos exigiram a presença do juiz da Vara de Execuções Penais (VEP), Paulo Damas, para entregar as reivindicações e encerrar o movimento. Entre os pedidos o fim da superlotação da cadeia. O prédio foi construído para abrigar 140 detentos, mas estava com mais que o triplo previsto.
Para o delegado, a onda de rebeliões em São Paulo pode ter influenciado o movimento em Cascavel. Já dentro da delegacia, os líderes informaram que a ordem para o início do motim veio por meio de telefones celulares de São Paulo. Recentemente a Polícia Civil descobriu um plano do PCC para resgatar um preso da 15ª SDP. Na ocasião, a segurança do minipresídio recebeu reforço interno e externo por alguma semanas.
As outras duas cidades onde houve registro de rebeliões foram Toledo e Assis Chateaubriand. Na primeira, o motim aconteceu na 20ª SDP e durou três horas. A delegacia, que deveria conter apenas 40 presos, estava com 140. Na outra cidade, os 40 detentos atearam fogo nos colchões da Cadeia Pública de Assis Chateaubriand.
Responsáveis
Até a noite de domingo, não havia sido registrado nenhum ferido e nenhuma fuga. O governo do Paraná se manifestou oficialmente para comentar a situação nas cadeias do interior do estado por meio da Agência Estadual de Notícias (AEN). Segundo informação da assessoria da Sesp, desde sábado, a ordem do secretário Luiz Fernando Delazari é de que a atenção em todas as unidades de detenção e de segurança do Paraná cadeias e cadeiões fosse dobrada para coibir e evitar qualquer movimento dos detentos.
Para a Sesp, as rebeliões ocorridas no domingo não têm ligação alguma com os movimentos que estão acontecendo em São Paulo. Já o sistema penitenciário do estado não enfrentou nenhum motim, de acordo com a assessoria da Secretaria Estadual da Justiça (Seju).
Veja imagens das rebeliões na reportagem em vídeo do ParanáTV