Em mais um confronto por cargos com a presidente Dilma Rousseff, o PMDB antecipa a discussão sobre a ocupação de espaços em um possível segundo mandato da petista. A interpretação da cúpula do partido é de que a divisão feita na reforma ministerial que será anunciada nas próximas semanas dificilmente vai ser alterada em 2015. A perspectiva acirra o descontentamento de alas que defendem que a legenda, que controla atualmente cinco das 39 pastas de primeiro escalão, é sub-representada na Esplanada. Algumas lideranças do partido chegaram a defender que o PMDB deixe o governo e migre para a oposição.
"O desenho de agora é algo que vai prevalecer pelos próximos cinco anos. Por isso a situação é grave", diz o coordenador de Relações Institucionais da vice-presidência da República, Rodrigo Rocha Loures (PMDB). Para tentar chegar a um acordo, a presidente Dilma Rousseff se reuniu ontem à tarde com o vice-presidente Michel Temer (PMDB) e com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Dilma avisou que o espaço do PMDB na reforma ministerial será definido só depois do dia 29 e que nada está fechado ainda. Isso teria animado alguns peemedebistas, que viram uma abertura da presidente para negociar.
À noite, Temer se reuniu com líderes do partido para discutir a crise. Até o fechamento desta edição, não havia sido divulgado o resultado da reunião.
Integração Nacional
A crise começou em torno do pleito do PMDB de ocupar o Ministério da Integração Nacional. O órgão era comandado até outubro por Fernando Bezerra, do PSB, que deixou o cargo após seu partido ter decido lançar a pré-candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, à Presidência. Os peemedebistas querem que a vaga seja preenchida pelo senador Vital do Rego (PMDB-PB).
"A Integração é um ministério importante para os parlamentares, especialmente os do Nordeste, por causa dos recursos para o combate à seca", diz o deputado paranaense João Arruda (PMDB). Ontem, porém, alguns peemedebistas já falavam em pleitear a Secretaria dos Portos, que tem status de ministério, em vez da Integração Nacional.
Sem racha
A aposta tanto de Arruda quanto de Rocha Loures é de que não haverá um racha com o PT. As dificuldades de negociação por cargos em Brasília, no entanto, devem surtir efeito nas conversas de alianças estaduais. Atualmente, não há acordos entre os dois partidos para a formação de chapas em 15 estados.
"Se nós, aqui em Brasília, não conseguimos entrar em um entendimento adequado, também é um sinal de que as parcerias pelo país podem sofrer o mesmo viés", diz Rocha Loures. "No Paraná, nem dá para dizer qual será o efeito dessa briga por ministérios porque as possibilidades de formar uma chapa com o PT são mínimas", diz o presidente do PMDB no estado, o deputado federal Osmar Serraglio.
Para a sucessão paranaense, as principais correntes do partido estão divididas entre apoiar o governador Beto Richa (PSDB) ou lançar candidatura própria com o senador Roberto Requião ou o ex-governador Orlando Pessuti. Outra hipótese, minoritária, é coligar-se com o PT da ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, pré-candidata ao Palácio Iguaçu.
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