Depois de seis horas, terminou a rebelião de presos do Centro de Detenção Provisória de Hortolândia, na região de Campinas. Os quatro agentes penitenciários que eram reféns foram libertados sem ferimentos.
Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária, a rebelião começou uma tentativa frustrada de fuga por volta das 5h30m. Um preso teria fingido passar mal e dominou o agente penitenciário, abrindo a cela para os demais. A Tropa de Choque da Polícia Militar realiza uma vistoria e revista no presídio nesta tarde.
A capacidade do presídio é de 768 detentos, mas abriga hoje 1.478. Esta é uma das unidades prisionais do complexo de Hortolândia, que tem ainda três penitenciárias. O local é conhecido como 'Carandiru caipira', com mais de 5 mil presos. Desde o fim de junho que não havia rebelião nos presídios do estado, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP).
A rebelião ocorre num momento em que a Justiça terá de decidir quantos detentos serão beneficiados com a saída temporária - o chamado indulto - do Dia dos Pais no segundo domingo do mês de agosto. O problema é que ainda está na memória dos paulistanos a rebelião em mais de 70 presídios no Dia das Mães e os ataques do crime organizado, quando detentos que receberam indulto foram acusados de passar ordens de atentados e orientado criminosos que estavam fora da cadeia. Além disso, em junho, pelo menos 15 agentes penitenciários foram mortos nas ruas por determinação do crime. Agora, eles temem a saída de presos.
Os primeiros presos beneficiados com o indulto poderão deixar os presídios já na quarta-feira que vem. A saída temporária vem sendo questionada por promotores.
A Justiça tem até sexta-feira para decidir. Os juízes de cada Vara da Justiça têm autonomia para decidir sobre o indulto para presos de cadeias sob sua jurisdição. Só na Vara de Execuções Penais da Barra Funda, na zona oeste da capital, há 851 pedidos de saída. Em São José do Rio Preto, no interior do estado, outros 730 reeducandos do Instituto Penal Agrícola (IPA) pediram a saída entre os dias 11 e 15 de agosto. No Dia das Mães, mais de 12 mil presos do estado receberam o benefício.
Presos do IPA de São José do Rio Preto, liberados no Dia das Mães, por exemplo, foram flagrados em ataques a agências bancárias, prédios públicos e ônibus da cidade, em maio. Um agente penitenciário foi atingido por um tiro na portaria do instituto, enquanto trabalhava, e morreu.
Para o promotor de execuções penais de Rio Preto, Antonio Baldin, a saída dos reeducandos deve ser analisada com cautela.
Nas últimas semanas, São Paulo foi tomada por boatos de que o crime organizado faria uma nova onda de atentados no Dia dos Pais. Na terça-feira, o diretor do Departamento de Investigações contra o Crime Organizado (Deic), Godofredo Bittencourt, disse que a população de São Paulo poderá comemorar tranqüila o Dia dos Pais.
- O setor de inteligência está funcionando integrado a todo o vapor. Os responsáveis pelos atentados de maio estão sendo denunciados. Muitos foram presos e outros ainda serão. Pretendo comemorar o Dia dos Pais com os meus netinhos - disse ele.
No último Dia das Mães, 965 não retornaram aos presídios depois do indulto - um índice que corresponde a 7,63% ao total de presos liberados, conforme informação divulgada pela secretaria de Administração Penitenciária (SAP). O índice de retornos, que chega a 92,37%, está dentro da previsão da SAP e acompanha os números históricos que envolvem esse tipo de benefício previsto na Lei de Execuções Penais.
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