O deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) disse nesta terça-feira ao Conselho de Ética que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ouviu do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), em março deste ano, que havia na Câmara um suposto esquema de pagamento de mesadas a parlamentares, o chamado mensalão. De acordo com Rebelo, além dele, do presidente e de Jefferson, estavam presentes na reunião o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, o líder do PTB, deputado José Múcio (PE), e o líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Segundo Rebelo, a declaração foi feita ao final da reunião e Lula pediu a ele e a Chinaglia que apurassem os fatos.
- O presidente disse que queria ser informado de qualquer novo fato - afirmou.
Rebelo então informou a Lula que a Corregedoria da Câmara havia aberto processo para apurar a denúncia publicada pela imprensa no final do ano passado.
O ex-ministro da Articulação Política é uma das testemunhas de defesa no processo contra o deputado José Dirceu (PT-SP) no Conselho de Ética da Câmara. Rebelo disse que convenceu Dirceu a ir à casa de Roberto Jefferson (PTB-RJ) para pedir a retirada da assinatura no requerimento de criação da CPI dos Correios.
Perguntado se Dirceu sabia dos empréstimos feitos pelo empresário Marcos Valério em nome do PT, Rebelo respondeu que não pode fazer nenhum julgamento sobre o assunto.
- Como até agora, só há a palavra da acusação contra a defesa, eu fico com o que disse José Dirceu. Para mim, ele não sabia - disse.
Segundo Aldo Rebelo, José Dirceu tornou-se alvo preferencial pelo que representa no imaginário de todos como um dos maiores símbolos do governo Lula.
- É alvo por suas qualidades, sua história e possivelmente por alguns defeitos - disse.
O ex-ministro da Ciência e Tecnologia Eduardo Campos também prestou depoimento como testemunha de defesa de Dirceu. O deputado (PSB-PE) afirmou que enquanto esteve no governo não tomou conhecimento do suposto esquema de repasse de verbas a deputados da base aliada.
O parlamentar também afirmou que não conhece Marcos Valério. Ele disse ainda que sequer tinha conhecimento das contas publicitárias que mantinha com o governo federal.
Ao responder a uma pergunta do advogado de Dirceu, Eduardo Campos declarou que não conhece nenhum fato que desabone a vida pública do deputado petista "desde os tempos do movimento estudantil".
- Digo isso sem ser amigo pessoal, nem ter tido contato mais próximo com o deputado - ressaltou o parlamentar.
Outra testemunha a depor foi o líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). Ele admitiu, com relação ao financiamento de campanhas e aos empréstimos obtidos pelo PT, que houve uma "operação paralela".
- Mas resta saber quantas e quais são as pessoas envolvidas. Delúbio tem um estilo audacioso e imaginava que estivesse respaldado, mas se observou que não estava - disse.
O líder do governo disse que não acredita que Dirceu tenha responsabilidade no "valerioduto". Arlindo Chinaglia considerou "razoável" que Dirceu não soubesse das movimentações de Delúbio e Marcos Valério.
- O PT foi vítima do erro de alguns. Resta saber quem são esses alguns. Admito que o Dirceu não era o comandante dessa operação. Dirceu era muito poderoso, mas é impossível mandar sozinho - disse.
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