A Receita Federal já tem o nome de pelo menos um auditor suspeito de acessar a declaração do Imposto de Renda (IR) de Eduardo Jorge, vice-presidente nacional do PSDB, supostamente para uso político-eleitoral. Segundo apurou a reportagem, a sindicância se concentra nos acessos às declarações de 2008 e 2009 do tucano. Os demais acessos feitos por outros auditores, entre 2005 e 2009, foram preliminarmente considerados "motivados", isto é, com "razões explícitas de trabalho".Ontem, em depoimento à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, o secretário-geral da Receita, Otacílio Cartaxo, disse que, depois de 20 dias de investigação interna, já sabe o dia, a hora, os computadores usados e os nomes dos funcionários que acessaram o sigilo fiscal de Eduardo Jorge. Apesar de ter pelo menos um suspeito, Cartaxo se recusou a dizer aos senadores o nome desse auditor e dos demais que tiveram acesso ao IR do tucano.
Segundo Cartaxo, houve, "fora de Brasília, em torno de cinco ou seis acessos" aos dados fiscais do vice-presidente do PSDB. "Sei o nome deles, onde estão lotados, o dia e a hora e a máquina que utilizaram", afirmou, na audiência pública. Com essa declaração, Cartaxo alimentou a especulação de que a violação ocorreu em São Paulo, ao descartar apenas Brasília como local do ocorrido.
Dossiê anti-Serra
Os dados fiscais do vice-presidente do PSDB abasteceram um dossiê levantado pelo chamado "grupo de inteligência" da então pré-campanha da petista Dilma Rousseff. A papelada foi amealhada por arapongas ligados ao empresário Luiz Lanzetta, na ocasião integrante do núcleo de comunicação da campanha, para supostamente atingir a candidatura de José Serra (PSDB).
O secretário da Receita descartou por completo a hipótese de a investigação ser concluída antes das eleições de outubro.
Segundo ele, a comissão de sindicância que investiga o vazamento, iniciada em 21 de junho, deve durar o prazo máximo previsto, de 120 dias. "Caso contrário, há o risco de ser impugnada", alegou.
As afirmações de Cartaxo não surpreenderam os senadores. Para Alvato Dias (PSDB-PR, o secretário "confessou" que os dados saíram da Receita, "como se pensava". "Ele deu a resposta necessária para o Ministério Público e a Polícia Federal avançarem nas investigações, já que a corregedoria da Receita está sob suspeita", disse. Na sua opinião, houve "uma orquestração" para tentar atingir os candidatos adversários do governo, referindo-se também ao empresário Guilherme Leal, vice da candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva. De acordo com o secretário, a violação nesse caso restringiu-se a um auto de infração da empresa de Leal, a Natura.
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