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Uma força-tarefa em curso na Receita Federal levantou a suspeita de que a origem de boa parte dos recursos para doações à campanha eleitoral de 2006 é nebulosa. Antecipando um trabalho que começará efetivamente em março, auditores fiscais cruzaram as informações sobre contribuições de cidadãos e empresas a candidatos e comitês com as declarações de renda de 2005. A análise preliminar, a que o jornal "O Globo" teve acesso com exclusividade, apresenta resultado alarmante. De um grupo de 24 documentos investigados, dez registraram algum tipo de problema, indicando a existência de fraude fiscal ou descumprimento da lei eleitoral. Caso essa proporção se mantenha, mais de 40% das doações feitas ano passado não obedeceram aos padrões exigidos pela legislação.

A partir de março, a Receita Federal começará a fazer o cruzamento das doações de campanha em 2006 com as declarações de renda do ano passado - quando as contribuições e seu destinatário deverão ser informados na prestação de contas ao Leão - para saber se os contribuintes cometeram algum tipo de irregularidade eleitoral ou tributária.

As doações feitas nas campanhas de 2006 para presidente, governadores, senadores e deputados federais e estaduais somaram pelo menos R$1,324 bilhão. Já o número de doadores chegou a 240.712, entre pessoas físicas e jurídicas. Segundo técnicos da Receita, embora o grupo analisado de forma experimental seja pequeno dentro do universo total, o potencial para que existam irregularidades dessa magnitude é muito alto.

Entre os casos problemáticos que foram encontrados pela Receita, estão os que cruzam a renda declarada e o valor da contribuição eleitoral. Uma pessoa física declarou ter auferido rendimentos de apenas R$13,5 mil em 2005 - o equivalente a um salário mensal de apenas R$1.125. No entanto, em 2006, este brasileiro teve condições de arcar com uma doação de R$50 mil à corrida eleitoral.

Empresa sem renda doou R$ 360 milA incompatibilidade entre as informações tributária e eleitoral também ficou evidente no caso de várias firmas. Uma empresa, por exemplo, declarou não ter tido renda bruta em 2005. Ou seja, relatou ao Fisco que continuava juridicamente constituída, mas economicamente inativa. Apesar de não ter movimentado um único centavo no ano anterior, em 2006 essa mesma firma fez uma doação eleitoral de R$360 mil.

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