Ponta Grossa - Uma decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Paraná, na última quinta-feira, cassou o mandato do prefeito de Bituruna, Rodrigo Rossoni (PSDB), que está à frente do município no Sul do estado desde agosto deste ano. Rodrigo é filho do presidente da Assembleia Legislativa, Valdir Rossoni (PSDB), e exercia seu primeiro cargo eletivo. A decisão também é válida para o vice-prefeito, João Vitório Nhoatto (PSC). O juiz da 153.ª Zona Eleitoral, Irajá Pigatto Ribeiro, acatou a denúncia de abuso econômico do Ministério Público Eleitoral. O juiz também determinou a inelegibilidade dos réus por oito anos.
Prefeito e vice contrataram 528 cabos eleitorais na eleição suplementar realizada em 3 de julho deste ano. O número foi considerado abusivo pelos promotores, pois representa 4,37% do total de eleitores. Na ação, o Ministério Público ainda compara o total de cabos eleitorais com a extensão territorial do município e avalia que se no Paraná, que tem 119.880 quilômetros quadrados, fosse obedecido o mesmo parâmetro, cada candidato poderia ter até 868.678 cabos eleitorais por quilômetro quadrado nas eleições majoritárias.
Rodrigo Rossoni e Nhoatto alegaram na ação que a contratação não foi ilícita e que as contas de campanha foram aprovadas pelo TRE, mas o juiz levou em consideração o número abusivo de cabos eleitorais. A decisão tem efeito suspensivo e só será encaminhada à Câmara Municipal quando o processo for julgado. Por enquanto, prefeito e vice permanecem nos cargos. Eles podem recorrer da decisão. O presidente da Câmara, Eduardo Conrado (PP), disse ontem que não recebeu nenhum comunicado oficial sobre a decisão judicial.
Rodrigo Rossoni e Nhoatto foram procurados ontem pela reportagem, mas não foram encontrados. A informação é de que eles estavam viajando. Hoje, pela manhã, o prefeito cumpre compromissos da agenda política e lança um programa de mutirão de limpeza nos bairros da cidade.
Prefeito e vice foram diplomados no último dia 5 de agosto, quando assumiram a prefeitura. A eleição fora de época ocorreu porque o ex-prefeito Remi Ranssolin (PTB) foi cassado pela Câmara, que acatou parecer do Tribunal de Contas do Paraná sobre a análise das contas da gestão passada (2000-2004), e pelo Tribunal Regional Eleitoral, por irregularidades. O vice de Remi, conhecido como "Robertinho", se lançou candidato. Rodrigo Rossoni e Vilmar Isoton (PMDB) também se lançaram na disputa. A prefeitura vinha sendo administrada até agosto pelo vereador Eduardo Conrado.