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Na casa do auxiliar de escritório Daniel Oliveira, 34, no Itaim Paulista (zona leste), o pronunciamento da presidente Dilma Rousseff na noite deste domingo (8) significou apenas uma pausa de 16 minutos na programação da TV. Do lado de fora, nada sugeria que estava acontecendo um protesto.

O panelaço e os gritos de revolta que foram ouvidos em algumas ruas de bairros como Santana (zona norte), Higienópolis (centro), Pompeia (zona oeste) e Brooklin (zona sul) passaram despercebidos no bairro da zona leste, um dos poucos da cidade em que a petista venceu o candidato Aécio Neves (PSDB) no segundo turno da eleição de 2014.

Oliveira foi um dos responsáveis por essa vitória e diz que nem sequer estava sabendo do protesto articulado em redes sociais e aplicativos para smartphones. “Ela [Dilma] está fazendo o que pode. Esse protesto não leva a nada.”

O PT avalia, em nota, que a mobilização não repercutiu nas áreas populares e que o protesto, “realizado por bairros de classe média”, “fracassou em seus objetivos”.

Apesar de não ouvirem o panelaço, os moradores da região ficaram sabendo do protesto.

Ainda no Itaim Paulista, a estudante Débora Paixão, 19, soube do ato pelo Facebook somente após o pronunciamento da presidente e diz apoiar a iniciativa. “Se entrasse o Aécio [Neves (PSDB)], a situação poderia estar um pouco melhor.”

A aposentada Dalila Jacubavicius, 67, assistiu ao discurso oficial, mas afirma não concordar com o que foi dito. Ela também não ouviu nenhuma manifestação nos arredores de sua casa, em Itaquera.

“Não vou com a cara dela, ela tinha que sair”, falou Dalila, que votou em branco no último pleito presidencial.

Também em Itaquera, o policial Carlos Oliveira, 44, lamentou não poder participar do protesto pró-impeachment da atual mandatária nacional, marcado para o próximo domingo (15). “Mas não quero que o [Michel] Temer entre. Sou a favor da realização de outra eleição.”

A moradora do bairro de São Matheus Neide Messias, 50, votou em Dilma, mas diz estar arrependida. Neide é balconista em uma banca de jornal e só soube da manifestação da noite anterior quando viu a notícia na capa dos jornais.

“Do mesmo jeito que a gente colocou ela lá, a gente pode tirar se não estivermos satisfeitos.”

Além de bairros nobres da capital paulista, áreas de ao menos 11 outras cidades presenciaram panelaços: Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Vitória, Curitiba, Porto Alegre, Goiânia, Belém, Recife, Maceió e Fortaleza.

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