Menos de 24 horas depois de ficar refém de seu ex-marido, a frentista Carla Joelma Alencar Viana, de 33 anos, já estava de volta ao local onde diz ter passou os piores momentos de sua vida. Com dificuldades para andar e falando pausadamente, Ela era o retrato da mulher derrotada, na casa simples onde reside com os dois filhos, em Osasco, na Grande São Paulo.
- O maior erro de minha vida foi ter me envolvido com ele - reconheceu Carla, se referindo ao ex-marido Edson Félix dos Santos, de 34 anos, que cumpria pena em regime semi-aberto e havia ganho saída temporária para passar o fim de ano em casa.
Ela contou em entrevista ao jornal Diário de S. Paulo como foi seu drama:
DIÁRIO - Como foram as 36 horas em que você viveu como refém de seu ex-marido?
CARLA VIANA - Desespero e nervosismo. Era difícil ficar ao lado de uma pessoa que estava com uma arma engatilhada e a qualquer momento poderia atirar.
Quais foram os argumentos que você usou para convencê-lo a não matá-la?
Conversava muito com ele. Mas a principal tática foi tentar vencê-lo pelo cansaço. Principalmente porque ele não havia dormido todo aquele tempo. Aí fingi que estava dormindo. Nesse momento ele deitou no chão e começou a dormir. Aproveitei e pulei a janela da casa e chamei os policiais.
Ele ameaçou matar você?
Só na hora em que ele chegou na casa. Foi quando começamos a discutir. Mas depois falou que ia se matar. O grande problema é que ele não queria se entregar. Eu falava para ele: "Edson, pelo amor de Deus, não agüento mais esta situação. Estou cansada e quero ver meus filhos. Edson, se entregue". Mas ele me dizia: "Mas vou me entregar de novo? Ir para cadeia sozinho. Não quero mais essa vida".A polícia diz que você procurou protegê-lo em seu depoimento. É verdade?
Eu falei só a verdade. Também não vou falar uma coisa que não ocorreu. Antes dos policiais chegarem em minha casa ele estava me ameaçando. Mas a partir do momento que a polícia chegou, não ameaçou mais. Só falava que ia se matar. Não vou falar que ele ficou com a arma apontada em minha cabeça se não é verdade.
O seu ex-marido disse à polícia que vocês tiveram relação sexual no período em que vocês ficaram na casa...
É mentira. Foi como um policial me disse. É a forma que ele encontrou para se defender de todos os crimes que praticou. Ele quer mostrar para todo mundo que estávamos bem quando ficamos na casa. Já esperava isso porque ele é muito mentiroso. Para se defender, é capaz de inventar qualquer coisa. Dele não posso esperar mais nada. Tudo isso me magoa. O que o povo vai pensar de mim?
O que vocês ficaram fazendo nas 36 horas em que ficaram sozinhos?
Eu só ficava sentada no sofá e ele andando de lá para cá. Nesse período comi apenas bolacha de água e sal. Quando percebi que ele dormiu, fui até o quarto. Como ele não veio atrás, depois fui ao banheiro, abri a janela e vi os policiais. Dei a descarga ainda para ver se ele acordava. Como continuou dormindo, fui até a janela e chamei os policiais. Abri a janela bem devagar e fui retirada pelos policiais, que quando entraram encontraram ele deitado no chão.Por que vocês discutiam tanto?
Porque ele não aceitava a separação. A razão de nossas brigas era essa.
Você tem raiva dele?
Não sinto ódio não. Não sinto, na verdade, nada. Não quero mais vê-lo. Ele se prejudicou sozinho. Tinha de voltar para lá (cadeia). O problema é que ele me ama e não quer me perder. Mas ele não sabe o que é amor verdadeiro. É louco e doente. Não quero mais ele, nunca mais.
E se ele pedir perdão?
Deus me livre. Não quero mais. O maior erro de minha vida foi ter tido essa relação. Meus filhos não gostam dele.
O que você pretende fazer da vida a partir de agora?
Meu pai quer que eu vá para Santa Catarina. Mas não quero sair de Osasco.
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