Ministros do PT prolongam permanência
Com o PT, Dilma Rousseff também terá que dedicar boas horas de negociação para a substituição dos ministros-candidatos. A primeira tarefa é enfrentar a pressão dos petistas que querem ficar mais tempo em exposição no cargo. A pressão maior vem do ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) que quer aproveitar o quanto puder as regalias e o status do cargo nas suas visitas a Minas Gerais. Alexandre Padilha, da Saúde, com a missão de desbancar tucanos em São Paulo, quer ficar o maior tempo possível como o comandante do Mais Médicos país afora.
As substituições dos ministros petistas não devem dar muito trabalho à presidente. A tendência de maior aceitação, segundo o líder do partido no Senado, Wellington Dias (PT), é que os secretários-executivos ou auxiliares das pastas assumam os postos.
Exceção será na Casa Civil, de onde a ministra Gleisi Hoffmann sairá para disputar o governo do Paraná. Para esse cobiçado posto, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, tem se fortalecido nos últimos meses, quando se empenhou em melhorar suas relações com os parlamentares. A dúvida se deve ao fato de Mercadante ser considerado "irremovível" do cargo no caso de um segundo mandato. Seria um empecilho para Dilma, eventualmente reeleita, formar seu novo governo. Atrapalharia a alocação de figuras como o governador da Bahia, Jaques Wagner, que estará sem mandato.
A reforma ministerial que a presidente Dilma Rousseff pretendia fazer em janeiro para o último ano de seu governo pode ficar para març o ou abril, o que reforçará o conceito de "mandato-tampão" desses novos ministros.
A presidente precisa de tempo para acomodar substitutos de nove ou dez ministros-candidatos. Além de negociações para destravar alguns nós na acomodação de aliados, Dilma administra no momento a pressão de ministros próximos, como seu amigo Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e Alexandre Padilha (Saúde), que tentam permanecer em exposição, antes de entrar na campanha pelos governos de Minas e São Paulo, respectivamente.
Um dos "gargalos" que exigirão de Dilma habilidade redobrada será a situação do governador do Ceará, Cid Gomes, e de seu irmão Ciro.
O PROS, partido de Cid e Ciro, terá um bom espaço garantido na Esplanada dos Ministérios, já que Dilma dá aos irmãos Gomes o crédito por terem quebrado a espinha dorsal do governador de Pernambuco e presidenciável Eduardo Campos (PSB) no Nordeste, ou pelo menos parte dela, ao romper com o PSB.
Os próprios dirigentes do PROS sugeriram o nome de Ciro Gomes para o Ministério da Saúde. Nenhuma pasta, no entanto, agrada tanto quanto a do Ministério da Integração Nacional, hoje ocupado interinamente por Francisco Teixeira.
O problema é que Dilma e interlocutores do PT já se comprometeram com o PMDB, e o senador peemedebista Vital do Rêgo (PB) é o nome mais provável para a pasta. Contra os interesses do PMDB, Cid Gomes entra em campo. Afirma que o cearense Francisco Teixeira atende aos interesses da sua região na Integração Nacional e que, portanto, ele torce por sua permanência.
PMDB
Para atender o desejo do aliado Cid Gomes, Dilma teria que enfrentar o PMDB, ou oferecer um cardápio melhor ao partido do vice-presidente Michel Temer, principal aliado do governo e do projeto da reeleição. O PMDB poderá ter de ceder também a pasta de Turismo, hoje com o Gastão Vieira, que sai para disputar a reeleição como deputado pelo Maranhão. O Ministério do Turismo é cobiçado pelo PTB.
Mas, para boa parte do comando do PMDB, o mais importante no ano eleitoral é combater o que chamam de "projeto petista de diminuir o poder parlamentar do PMDB". A estratégia detectada pela cúpula peemedebista é que o PT investirá alto no incremento de sua bancada no Senado e, assim, diminuir a dependência do governo federal em relação ao principal aliado. Eles preferem, em vez de ocupar ministério por mandato tampão agora, que o PT ceda em alguns estados, apoiando peemedebistas.
A presidente Dilma Rousseff só pretende retomar as negociações políticas para promover as mudanças em seu Ministério em meados de janeiro, depois de voltar de um período de recesso de fim de ano e de alguns dias de férias numa p raia do Nordeste.
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