Para evitar que seja aberta uma guerra entre partidos aliados por cargos de primeiro escalão, a presidente Dilma Rousseff está decidida a fazer apenas mudanças pontuais na tão falada reforma ministerial, que deverá ocorrer a partir de meados de janeiro. Dilma deverá priorizar trocas em pastas cujos titulares sairão para disputar a eleição municipal de outubro. Também já estariam descartadas as fusões e extinções de ministérios o que chegou a ser cogitado e que significaria a perda de pastas para alguns partidos.
Os dirigentes de PT e PMDB, principais partidos governistas, já foram avisados por interlocutores de Dilma dessas determinações. Após trocar sete ministros em menos de um ano, seis deles por suspeitas de irregularidades, Dilma quer evitar mais conflitos com os partidos aliados.
Quase confirmado
Embora as mudanças na Esplanada sejam poucas, Dilma tem feito mistério sobre o que pretende fazer. Mas é dado como quase certo que o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante (PT), irá para o lugar de Fernando Haddad (PT) no Ministério da Educação. Dilma não escondeu nos últimos meses sua admiração pelo trabalho e comportamento de Mercadante.
Extraoficialmente, Mercadante e Haddad já estariam fazendo uma transição para a troca, que se daria em 15 de janeiro. Haddad pretende iniciar o quanto antes sua campanha à prefeitura de São Paulo. Mas o governo ainda trata do assunto com discrição. "Essa troca no MEC, por enquanto, está no nível das sinalizações, mas ainda não tem nada oficial", diz o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).
Além de Haddad, também deve sair do governo a ministra da Secretaria Especial de Política para Mulheres, Iriny Lopes (PT). Ela deve disputar a prefeitura de Vitória (ES). Para o cargo dela não há sequer especulação de substituto, mas é certo que continuará com o mesmo grupo do PT. Mas ainda não se fala em quem poderia substituí-la.
Sem informações
Em encontro de confraternização de Dilma com líderes aliados, no Palácio da Alvorada, pouco antes do Natal, todos tentaram informações sobre as mudanças na Esplanada. Mas Dilma não deixou escapar nada. Só depois de suas férias na Bahia é que Dilma irá decidir quem sai e quem serão os substitutos. "Para as pessoas que perguntei no Palácio sobre isso, a resposta que tive é que a presidente Dilma está guardando tudo a sete chaves", disse um dos líderes.
Ao vice-presidente Michel Temer, Dilma só adiantou sua decisão de reduzir a reforma, sem extinção de pastas e fusões. Mas o PMDB acredita que tem espaço para crescer no Ministério das Cidades, com a iminente queda de Mário Negromonte (PP), envolvido em suspeitas de corrupção. Caso não dê certo, os peemedebistas apostam no Ministério dos Transportes, já que o PR, atual titular da pasta, oficialmente está fora da base.
"Nossa esperança é pegar aí um [Ministério dos] Transportes, ou um [das] Cidades. A presidente disse para Michel [Temer] que não vai mexer numa engenharia que está dando certo para abrir um flanco de disputa entre PT e PMDB. Vai deixar cada um com seu espaço, porque quando for mexer com um, o outro esperneia", disse um interlocutor do vice-presidente.
Os peemedebistas contam também que com a ida de Mercadante para o Ministério da Educação a vaga do Ministério da Ciência e Tecnologia poderá entrar nesse remanejamento entre os aliados.
O discurso oficial do PMDB, porém, é que o partido está satisfeito. Mas, nos bastidores, os seus dirigentes avaliam que a representação da legenda na Esplanada é muito menor do que a força do partido no Congresso. E apostam que a maior aproximação de Dilma e Temer nos últimos meses poderá favorecer o partido.
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