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Presidente do PT, Rui Falcão, disse que partido fez uma avaliação crítica da própria trajetória. | Lula Marques/Agência PT
Presidente do PT, Rui Falcão, disse que partido fez uma avaliação crítica da própria trajetória.| Foto: Lula Marques/Agência PT

Documento aprovado pelo diretório nacional do PT faz uma espécie de reconhecimento de falhas do próprio partido que podem ter contribuído para o processo de impeachment contra a presidente afastada Dilma Rousseff, classificado de “golpe” pelos filiados.

Em entrevista à imprensa, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse que, a partir de 2003, quando o então presidente Lula saiu das urnas com força para atuar no Congresso Nacional, perdeu-se a oportunidade de fazer “reformas importantes” e que isso hoje “abriu campo para o golpe”.

“Ali talvez tivesse sido possível empreender três reformas importantíssimas: a reforma tributária progressiva, a reforma do sistema político-eleitoral e a regulamentação dos meios de comunicação, que não significa regulação, censura, mas simplesmente a regulamentação dos artigos da Constituição Federal que proíbem os oligopólios e monopólios”, mencionou ele, como um dos pontos “de autocrítica do PT” que foram inseridos no texto.

O documento foi costurado ao longo desta terça-feira (17), no encontro do diretório nacional da sigla, em Brasília.

Apesar de apontar falhas do PT, o texto evita críticas diretas à presidente afastada Dilma Rousseff, embora sua gestão, de acordo com filiados, tenha contrariado bandeiras do partido. “Não estamos fulanizando. Erros e acertos nossos são coletivos. Fazemos uma avaliação crítica da nossa trajetória”, disse Falcão à imprensa, acrescentando que cada ponto do documento ainda será aprofundado.

Falcão acrescentou, contudo, que, “se vencido o golpe”, Dilma Rousseff deverá “propor ao país uma nova agenda”, e citou a reforma política e ações econômicas “que estabeleçam distribuição de renda”.

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O ideal, segundo ele, é que haja uma constituinte para tratar da reforma política, já que o Congresso Nacional já teria dado demonstrações de incapacidade, na visão do dirigente. “Eles podem até aprovar uma reforma política regressiva”, criticou ele. Alegando cansaço, o ex-presidente Lula não participou do encontro.

Aliados nas eleições

A principal decisão prática tomada pelo diretório do PT nesta terça-feira (17) tem ligação com as eleições deste ano. O partido indicou uma regra geral para a formação de alianças no pleito de outubro próximo.

De acordo com Falcão, em todo país, o PT vai priorizar as alianças com PDT e PCdoB, legendas que no Congresso Nacional atuaram em defesa do mandato de Dilma Rousseff. A partir daí, os casos serão analisados individualmente, levando em consideração “se o candidato ou candidata apoiou ou não o impeachment”.

“Todo nosso esforço de aliança será com os partidos do campo democrático e popular. Depois vamos analisar caso a caso. De todo modo, o PT não apoiará candidatos ou candidatas que votaram pelo impeachment ou que apoiaram publicamente o impeachment”, afirmou o presidente da legenda.

Período de defesa

O presidente do PT também destacou negativamente as primeiras ações do presidente interino Michel Temer, reiterou que o partido fará oposição e mencionou movimentos que estão surgindo nas ruas “para além de centrais sindicais e frentes ligadas ao PT”. “Há uma repulsa [ao governo Temer] que eu acho que tende a crescer”, concluiu ele.

Para Falcão, a bandeira por antecipação de eleição geral pode surgir da própria sociedade e cita o movimento “Diretas Já”, mas não será levantada neste momento pelo PT. O dirigente reconhece que o assunto divide militantes, mas avalia que isso implica em “renúncia da presidente Dilma”, o que contraria o discurso de que ela brigará pelo mandato até o fim.

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