O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) foi um dos poucos representantes dos partidos independentes e de oposição que acompanharam no plenário o discurso da presidente Dilma Rousseff na cerimônia de posse do segundo mandato. Candidato à presidência da Câmara dos Deputados, Delgado disse que as reformas propostas por Dilma serão cobradas, assim como o aprofundamento das investigações da Operação Lava Jato e a saída de Graça Foster do comando da Petrobras. "Fica ainda em aberto o afastamento da senhora Graça Foster", reivindicou.
Para o representante da oposição, a presidente demonstrou ter grande expectativa para o novo mandato em áreas onde não prosperou no primeiro, como a reforma política e o combate à corrupção, uma das pautas das manifestações de rua de 2013. Ele lembrou que após os protestos, as propostas em tramitação no Congresso não avançaram e que a aprovação de um pacote anticorrupção vai depender da vontade política dos novos parlamentares na Casa. "Se eles forem envolvidos pelo clima do Parlamento, não vai prosperar", previu o deputado, lembrando que a renovação da Câmara foi de aproximadamente 40% na última eleição.
Delgado disse que o papel da oposição, agora "mais forte, organizada e vigilante", será acompanhar o andamento dos projetos propostos por Dilma, principalmente as reformas política e tributária. Ele prevê uma relação de maior embate entre Congresso e Executivo nos próximos anos, já que a base aliada estará mais enxuta na próxima legislatura.
O parlamentar disse esperar que as medidas nas áreas trabalhistas e previdenciárias anunciadas nos últimos dias inspirem outras reformas. "Esperamos que os outros temas tenham o mesmo caminho", afirmou.
Delgado também cobrou mais investimentos em educação básica. "Não adianta dizer que o tema do governo será educação se nós não tivermos um fomento na educação de base", emendou.
Combate à corrupção
Outro parlamentar independente que compareceu à posse foi o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que elogiou as cinco propostas apresentadas por Dilma no combate à corrupção. Após as revelações da Operação Lava Jato, disse Randolfe, é preciso ter "medidas concretas" para atacar a questão. "Agora a bola está com o Congresso", observou.
O senador afirmou que é preciso separar a Petrobras do escândalo de forma a preservar a maior estatal do País. Randolfe acredita que a criação de uma nova Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) não trará mais resultados além do que já vem sendo apurado pela Polícia Federal. "Não tem nada mais desmoralizado no País do que CPI. Em qualquer roda de esquina, ninguém acredita em CPI", argumentou.
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