O promotor Dimitrios Eugênio Bueri afirmou nesta quinta-feira que praticamente um terço da população carcerária do estado - 140 mil pessoas - participa do crime organizado. Segundo ele, os detentos aderem porque é 'interessante participar'.
- Quando caem para dentro do sistema prisional, eles têm maiores regalias, eles têm segurança dada por outros presos e assistência dada aos familiares que estão fora - afirmou.
Bueri afirmou que, historicamente, 5% dos presos não voltam da saída temporária, conhecida como 'indulto'. Desta vez, no entanto, ele acredita que o retorno será muito maior.
- Eles estão achando que o lugar mais seguro para eles é a prisão. Tanto que, na terça-feira de manhã, quando cheguei no fórum, já havia quase 70 presos na porta querendo falar comigo. Eles eram de Pacaembu e estavam querendo transporte para voltar aos presídios - contou.
Bueri explicou que o Ministério Público não tinha informação sobre a movimentação de presos, que teria levado o crime organizado à revolta (transferência de cerca de 600 presos), feita pela Secretaria de Administração Penitenciária.
- Na quinta-feira passada eu me manifestei em quase mil pedidos de saída temporária do Dia das Mães e eu não sabia dessa movimentação e nem desta transferência. Fiquei sabendo no meio da tarde, quando percebi que os presos não estavam se apresentando para as audiências nos fóruns. Nesse momento eu subi para falar com o juiz coordenador do presídio e aí é que ele me informou que estava havendo esta megarremoção, mas sem maiores detalhes - contou.
Segundo o promotor, neste momento ele já tinha dado parecer favorável à maioria dos pedidos de saída temporária das prisões que tinham sido apresentados. Perguntado se o Ministério Público teria suspendido as saídas caso soubesse da movimentação ou do risco de rebeliões, afirmou que sim, pois os presos serviram para levar a informação para fora dos presídios e executar missões que lhes foram passadas.
Bueri explicou que a lei autoriza que os presos que estão cumprindo pena em regime semi-aberto deixem o presídio em até sete saídas temporárias no decorrer do ano.
- Então, a cada véspera de feriado como Dia das Mães, Dia das Crianças, Dia dos Pais, Páscoa; a Secretaria de Administração Penitenciária encaminha os pedidos de autorização de saída e são estes que nós apreciamos - afirmou.
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