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Alberto Youssef está preso em Curitiba ; André Vargas responde a processo na Câmara | Jose Cruz/Agência Brasil ; Antônio More/ Gazeta do Povo
Alberto Youssef está preso em Curitiba ; André Vargas responde a processo na Câmara| Foto: Jose Cruz/Agência Brasil ; Antônio More/ Gazeta do Povo

Investigação

Grupo teria desviado R$ 300 mi em negócios da Petrobras, diz PF

Agência O Globo

A Polícia Federal (PF) calcula que o grupo supostamente chefiado pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso na Operação Lava Jato, desviou cerca de R$ 300 milhões em negócios da estatal entre 2004 e 2012. A PF chegou a esse número a partir de documentos apreendidos em poder de Costa e do doleiro Alberto Youssef. Os investigadores suspeitam ainda que o grupo do ex-diretor tenha se apropriado de boa parte da "address commission", desconto de 1,25% que armadores tradicionalmente concedem em contratos de fretamento de navio.

A Petrobras recorre sistematicamente ao fretamento de navios para o transporte de combustível. O negócio movimentaria, só em "address commission", aproximadamente US$ 30 milhões por ano (cerca de R$ 66 milhões). Pela lei, a comissão deveria retornar aos cofres da Petrobras a partir do pagamento dos fretes dos navios.

A Polícia descobriu ainda indícios de que boa parte do dinheiro arrecadado com o desconto não repassado teria sido depositada na conta de uma corretora que só existiria no papel. A reportagem tentou, sem sucesso, falar com o advogado Fernando Fernandes, responsável pela defesa de Costa. Em entrevistas anteriores, Fernandes afirmou que as acusações da PF e do MP não foram comprovadas. O advogado Antônio Figueiredo Basto, que defende Youssef, disse desconhecer a nova corretora sob investigação e que o próximo passo da defesa é pedir ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal, que ele se declare incompetente para continuar à frente do caso.

Em parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Justiça Federal no Paraná afirmou que a Polícia Federal concluiu que o conteúdo das mensagens trocadas entre o deputado federal licenciado André Vargas (sem partido-PR) e o doleiro Alberto Youssef "tem possível caráter criminoso". Segundo o documento assinado pelo juiz Sérgio Moro, da 13.ª Vara Federal, parte da investigação da Operação Lava Jato que contém diálogos e mensagens entre o congressista e o doleiro deve ser enviada na próxima semana ao Supremo, já que o deputado tem prerrogativa de foro.

Após vir à tona seu envolvimento com o doleiro, o deputado deixou a vice-presidência da Câmara Federal, se licenciou do cargo e se desfilou do PT. Ele responde a um processo de quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Câmara acusado de ter mentido sobre sua relação com Youssef.

De acordo com o despacho, a remessa da parte do processo envolvendo Vargas será feita nos próximos dias porque apenas recentemente cogitou-se que a relação entre eles poderia ser criminosa. "Somente mais recentemente, após buscas e apreensões, a Polícia Federal concluiu que referida pessoa [na troca de mensagens] seria André Vargas, deputado federal, e depreendeu do conteúdo das mensagens possível caráter criminoso".

"Ressalvo que, em relação a André Vargas, consta possível recebimento de vantagem de Youssef, consistente no pagamento de viagem de avião e ainda possível tráfico de influência para obtenção pela empresa Labogen para Desenvolvimento Produtivo junto ao Ministério da Saúde", disse o juiz.

Vargas viajou de Londrina para João Pessoa (PB) num jatinho pago pelo doleiro. A viagem custou R$ 110 mil. As mensagens entre os dois sugerem que um financiamento de R$ 31 milhões do Ministério da Saúde, para a produção de um medicamento, foi obtido por meio de "contatos políticos".

O doleiro foi preso em março sob acusação de remessa ilegal de dólares para o exterior, lavagem de dinheiro, corrupção de funcionários públicos e financiamento ao tráfico de drogas.

Sérgio Moro se manifestou ao Supremo depois que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, também preso na Operação Lava Jato, entrou com uma reclamação questionando por que o caso não era tratado pela Suprema Corte, já que havia suspeita de envolvimento de Vargas.

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