Karina de Araújo Duarte, uma das vítimas do ataque a um ônibus da linha 350 (Irajá-Passeio), na Penha Circular, se recupera no hospital Semiu, de Vicente de Carvalho, das queimaduras de 1º e 2º graus que sofreu. Sua irmã, Erika de Araújo Duarte, disse nesta quarta-feira que Karina viveu momentos de terror com a explosão do coquetel molotov arremessado por bandidos dentro do veículo na noite de terça-feira. Karina, que trabalha no Hospital Geral de Bonsucesso, está com bolhas no rosto, nas orelhas, nos ombros e nas mãos. Falando do hospital onde Karina está internada, Erika relatou por telefone ao Globo Online o que ouviu da irmã sobre o ataque:
- Ela estava dormindo dentro do ônibus e acordou com o povo gritando "desce!, desce!". Ela foi correndo para trás da porta traseira, mas o motorista desceu e não abriu a porta. Até então, ela achava que era um assalto. Aí ocorreu a explosão. Ela viu a bola de fogo e pessoas tentando pular pela janela. Ela ia pular também, mas aí a porta abriu e todo mundo começou a se empurrar para descer.
Segundo Érika, quando Karina chegou em casa, no Irajá, sua família ficou desesperada:
- Depois que desceu, alguém deu um copo d'água a ela, que pegou um táxi e veio para casa para ir com a gente para o hospital. Ela chegou pretinha por causa da fumaça, ficamos desesperados.
O pai de Karina deve fazer nesta quarta-feira o boletim de ocorrência. Segundo a polícia, o ataque ao ônibus deixou cinco passageiros mortos e 12 feridos. Três homens, uma menina de 2 anos e sua mãe morreram carbonizadas. Policiais da 38ª DP (Brás de Pina) acreditam que traficantes do Morro do Quitungo e do Morro da Fé tenham sido responsáveis pelo ataque. Eles teriam ateado fogo ao veículo em represália à morte de um bandido morto no mesmo dia, mais cedo, em confronto com a PM.
O atentado ocorreu por volta das 22h, na esquina entre as ruas Irapuá e Guaporé, na Penha Circular. Segundo testemunhas, 12 traficantes invadiram o ônibus da Viação Rubanil. Uma passageira contou que o bando agrediu o motorista, jogou gasolina e uma bomba do tipo coquetel molotov no veículo, antes que os passageiros pudessem fugir. Ainda de acordo com o relato de testemunhas, pessoas desesperadas saíram pelas janelas com os corpos em chamas.
- Foi uma verdadeira cena de terror. Um dos piores momentos que já passei na minha vida. As pessoas pulavam pelas janelas, apavoradas. Graças a Deus, consegui escapar pela porta traseira do ônibus - contou Áurea Rodrigues, de 50 anos, funcionária da Fiocruz que teve as mãos e os braços queimados.
O RJTV, da TV Globo, também entrevistou algumas vítimas. Uma senhora que voltava do trabalho ficou com queimaduras nas mãos e nos braços.
- Era muita gente gritando, todo mundo em pânico. Eu ainda consegui pegar minha bolsa - conta ela.
- Chegaram agredindo e tentaram agredir as pessoas. Muito horror, o fogo foi muito rápido - diz outra.
Uma jovem de 20 anos, que conseguiu escapar a tempo de dentro do ônibus, contou os momentos de terror que viveu. Ela teve queimaduras leves nos pés e está se recuperando em casa. A universitária voltava do trabalho, no Centro, e estava dormindo quando começou o ataque. Ela conta que os passageiros tiveram dificuldades para descer do ônibus, porque a porta de trás estava fechada.
- Tudo aconteceu em 30 segundos. Eu acordei e eles já estavam jogando gasolina no ônibus. Logo em seguida, atearam fogo. O ônibus se queimou. Meu namorado conseguiu abrir as portas traseiras do ônibus. Algumas pessoas conseguiram sair, mas outras não conseguiram, porque não deu tempo. O fogo tomou conta do ônibus. Foi muito rápido, eu pensei que ia morrer - lembra ela.
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