Relator do processo de cassação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no Conselho de Ética da Casa, o deputado Fausto Pinato (PRB-SP) afirmou na tarde desta segunda-feira (9) que pode antecipar o relatório preliminar, cujo prazo de apresentação vence no próximo dia 19.
Situação de Cunha está cada vez mais difícil, diz líder da oposição
O líder da minoria na Câmara dos Deputados, Bruno Araújo (PSDB-PE), disse nesta segunda-feira, 9, que a situação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no comando da Casa se torna “cada vez mais difícil” após a admissão de que o peemedebista é beneficiário de recursos que estavam na Suíça.
Na avaliação do tucano, as explicações de Cunha não convenceram a sociedade, principalmente porque a explicação jurídica não deixa claro a titularidade dos recursos ocultos no exterior. “Do ponto de vista político, é difícil compreender como esse volume de recursos não atendeu pessoalmente o presidente da Câmara. Uma coisa é a defesa do ponto de vista jurídico. Do ponto de vista político, é algo que vai ficando cada vez mais difícil de se explicar”, comentou.
Araújo disse que a oposição já se manifestou de forma favorável ao afastamento de Cunha da presidência da Casa e disse que sua saída seria “bem melhor” para a instituição e para sua defesa. O tucano acredita que a sociedade cobrará uma posição firme do Conselho de Ética no julgamento do processo por quebra de decoro parlamentar.
O líder sinalizou que os dois membros titulares do colegiado - Betinho Gomes (PE) e Nelson Marchezan Júnior (RS) - devem votar pela punição do peemedebista, uma vez que já declararam publicamente que consideram os fatos denunciados graves.
Pinato contou à reportagem que está em estágio avançado na produção de seu parecer, após ter passado o fim de semana debruçado sobre ele. “Estou fazendo de tudo para terminar antes do prazo. Não vou me comprometer, mas é provável”, afirmou.
Embora não diga publicamente qual posicionamento vai adotar, nos bastidores dá-se como certo que o relatório será pela continuidade do processo. Ao relator cabe, num primeiro momento, decretar a admissibilidade ou inépcia do caso.
O relator disse ainda que já conversou com o presidente do Conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA), para avaliar a possibilidade de adiantar a sessão de apresentação do relatório, já previamente marcada para o dia 24.
Araújo argumenta que quintas-feiras, caso do dia 19, quando esgota o prazo de Pinato, são dias que geralmente têm quórum baixo na Câmara e que, portanto, seria melhor aguardar a terça-feira seguinte (24). O presidente do Conselho defendeu, desde que o PSOL e a Rede apresentaram a representação com o pedido de cassar Cunha, a celeridade do processo. Contudo, tem contribuído para protelar os prazos.
Semana passada, adiou para quinta (5) a escolha de Pinato como relator do caso, o que já era dado como certo desde o dia anterior. Agora, alega ausência de quórum num dia em que a Câmara tem sessão deliberativa na hora do almoço até, pelo menos, as 14h.
Para integrantes do Conselho contrários à Cunha, a protelação pode atrasar demais o processo. Isso porque eles já esperam que aliados do peemedebista peçam vistas do relatório de Pinato após sua apresentação. A votação ocorreria somente duas sessões ordinárias depois.
A estratégia de ganhar tempo tem sido usada pelo presidente da Câmara desde que foi protocolada a representação contra ele. No primeiro momento, que era a análise da Mesa Diretora no prazo de três sessões ordinárias da Casa, Cunha deixou de convocá-las em um dia para adiar para a semana seguinte a instauração de seu processo.