A crise
A investigação sobre irregularidades na gestão da Câmara Municipal de Curitiba ocorre em três frentes: Conselho de Ética, CPI do Derosso e nos órgão de controle Ministério Público e Tribunal de Contas:
Julho
Reportagem da Gazeta do Povo revela que contratos de publicidade da Câmara de Curitiba são investigados pelo Tribunal de Contas por diversas irregularidades.
Uma delas é a contratação da empresa Oficina da Notícia, de propriedade da mulher do presidente da Casa, João Cláudio Derosso (PSDB), Cláudia Queiroz Guedes.
Outra alega que a revista Câmara em Ação é "fantasma" e seu preço R$ 18,3 milhões foi superfaturado. O Ministério Público abre investigação sobre as denúncias.
Agosto
O Conselho de Ética da Câmara abre investigação. Derosso depõe e alega que não houve irregularidades. Ao mesmo tempo, os vereadores criam uma CPI para apurar o caso.
Setembro
O Conselho de Ética apresenta relatório pedindo o afastamento temporário de Derosso da presidência da Câmara por 90 dias. O relatório precisa ser transformado em resolução para ser votado em plenário.
Outubro
Indícios de novas irregularidades, inclusive tributárias, levam o Tribunal de Contas do Estado (TC) a abrir uma tomada de contas extraordinária para averiguar os contratos da Câmara.
Reuniões do Conselho de Ética da Casa são esvaziadas por vereadores da base aliada. Nos bastidores, fala-se de manobra da base para aplicar uma punição branda a Derosso, durante o recesso parlamentar.
Novembro
A jornalista Cláudia Queiroz depõe na CPI e admite que era funcionária da Câmara quando participou da licitação, o que é ilegal. Ela negou, porém que já tivesse envolvimento com Derosso na época.
Ontem, o vereador Dirceu Moreira (PSL) pediu o arquivamento da investigação sobre a revista Câmara em Ação. Aliados de Derosso, Valdemir Soares (PRB) e Dirceu Moreira não apresentaram seus votos e o impasse na votação do afastamento do presidente da Câmara permanece.
Os vereadores aliados do presidente da Câmara de Curitiba que integram o Conselho de Ética da Casa arquivaram ontem uma das denúncias contra João Cláudio Derosso (PSDB) e mantiveram indefinida a chance de uma eventual punição do tucano ocorrer ainda neste ano. O conselho investiga supostas irregularidades em contratos de publicidade firmados pela presidência da Casa,
Na reunião de ontem do Conselho de Ética, o vereador Dirceu Moreira (PSL), relator do processo que apurava um suposto superfaturamento no contrato para a produção da revista Câmara em Ação, recomendou em relatório o arquivamento da representação. A publicação, produzida entre 2004 e 2010 pela empresa Visão Publicidade, recebeu R$ 18,3 milhões em verbas públicas e foi chamada de "fantasma" por vereadores da oposição, que afirmaram nunca terem folheado um exemplar. Havia ainda suspeitas de que a tiragem da revista tenha sido superfaturada. Segundo o relatório de duas páginas lido por Moreira, não "existem provas de qualquer irregularidade na publicação" da publicação. "Não podemos ser levianos, a revista existe", disse. O parlamentar afirmou que cada número da Câmara em Ação tem três exemplares arquivados no Departamento de Apoio Financeiro da Casa.
Moreira admitiu, no entanto, que não fez diligências, nem ouviu os responsáveis pelas gráficas que imprimiram a revista. O vereador se limitou a conferir as notas fiscais emitidas pelas empresas que imprimiram a Câmara em Ação e um mapa da distribuição da revista mostrado na semana passada pelo publicitário responsável pela publicação, Adalberto Gelbecke, dono da Visão Publicidade, à CPI da Publicidade. A CPI apura, em paralelo, as denúncias de irregularidades na publicidade da Câmara de Curitiba.
Durante o depoimento de Gelbecke, Moreira não fez perguntas ao publicitário, mas em seu relatório cita que ele "negou as irregularidades". O documento de Moreira deve ser votado na sessão marcada para a próxima terça-feira.
Consenso
Na reunião de ontem também era esperado que Dirceu Moreira e Pastor Valdemir Soares (PRB) apresentassem seus votos sobre o possível afastamento de Derosso do cargo por até 90 dias. Ambos integram a comissão processante do Conselho de Ética. Os votos de Moreira e Soares, que são aliados de Derosso, são necessários para que o relatório já aprovado pelo conselho pedindo o afastamento do presidente da Câmara por até 90 dias fosse transformado em resolução e fosse encaminhado para votação no plenário da Casa.
Em outubro, a terceira integrante da comissão, a vereadora Noêmia Rocha (PMDB), já tinha votado em separado, com moção de apoio da oposição, pedindo o afastamento de Derosso por 90 dias. Ontem, Soares afirmou que seu voto depende de um consenso entre os 31 vereadores que compõem a base de apoio do prefeito Luciano Ducci (PSB) na Câmara. Pelo regimento da Casa, não há prazo para o voto.
"Buscamos um consenso. Há quem tenha pedido um afastamento de 60, 30 e até de 15 dias.Vamos conversar até o entendimento convergir", afirmou Valdemir Soares.
O vereador admitiu que a votação pode ficar para o ano que vem. "A oposição votou em bloco, o que tornou a questão político-partidária, porque estamos em véspera de ano eleitoral. Da mesma forma, estamos trabalhando para unir a situação. Alguns líderes querem que a gente só vote depois do recesso", alegou.
Contestado pela vereadora Professora Josete (PT), sobre a falta de bom senso para dar uma resposta à sociedade sobre as irregularidades supostamente cometidas por Derosso, Soares contra-atacou. "Há uma diferença entre fazer com responsabilidade e jogar para a plateia. Não dá para querer mostrar imediatismo em uma solução que depende de consenso", disse o vereador.
Interatividade
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