O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), deverá chamar para depor, na próxima semana, o ex-superintendente do Banco Rural Carlos Godinho. Em entrevista à revista "Época" desta semana, disse que os empréstimos de R$ 55 milhões da instituição para o PT foram feitos para não serem pagos. Segundo ele, os supostos empréstimos só teriam sido firmados para mascarar a entrada de dinheiro para o caixa dois do partido.
As declarações do ex-superintendente coincidem com a tese de Serraglio de que os empréstimos tomados pelo PT, por intermédio do empresário Marcos Valério, são fictícios.
- Ele (Carlos Godinho) vai ser chamado sim. Ele é tão importante quanto o Roberto Jefferson. É uma pessoa de dentro da estrutura que resolve falar. Espero que ele conte de onde veio o dinheiro - disse Serraglio.
Em entrevista à "Época", Godinho disse ainda que chegou a comunicar toda a direção do banco sobre indícios de irregularidades envolvendo a agência SMP&B, do empresário Marcos Valério, e o PT, mas nenhuma providência fora tomada porque o banco não teria autorizado que os dados fossem mencionados em seus relatórios.
O vice-presidente do Banco Rural José Roberto Salgado nega a informação. Salgado atribuiu ao ex-presidente do Banco José Augusto Dumont, amigo de Marcos Valério falecido em 2004, toda a responsabilidade pelos empréstimos firmados com o PT.
Em nota neste sábado, o banco desqualifica as acusações do ex-superintendente. Diz a nota que "as afirmações do Sr. Carlos Godinho são mentirosas e irresponsáveis e revelam um oportunismo perverso, tendo em vista que só vieram a público após o seu recente desligamento do Banco".
Em reportagem, a revista mostra ainda que, embora não pagasse o que devia e nem contasse com avalistas qualificados, o PT conseguia renovar o empréstimo a cada 90 dias, sendo uma das operações avaliada em R$ 4,7 milhões, autorizada pela nova presidente, Kátia Rabello, em 2004.
Ainda segundo a "Época'", documentos comprovam que, apesar de não quitar débitos, o empresário Marcos Valério conseguiu renovou quatro vezes os empréstimos da SMP&B e o Banco Rural ainda concedeu três créditos novos.
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