O Relatório Direitos Humanos no Brasil 2005, divulgado nesta terça-feira pela Rede Social, um conjunto de ONGs e movimentos sociais, revela que o país ainda tem muito pouco a comemorar em termos de avanços sobre o tema.
Apesar dos números, por exemplo, neste ano 3.258 trabalhadores escravos foram libertados no Brasil e que de 1995 a 2005, 16.500 empregados em regime de escravidão conseguiram ser retirados desta situação, o país ainda registra indíces importantes de violação dos direitos básicos de cidadania dos indivíduos.
De acordo com a coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) da Universidade Cândido Mendes, do Rio de Janeiro, Silvia Ramos, a polícia brasileira revela um padrão de violência fora de qualquer proporção aceitável. De acordo com ela, somente as polícias do RJ, de SP e MG mataram quase cinco vezes mais civis do que toda a polícia dos EUA.
Para o professor de sociologia e pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP), Marcos César Alvarez, os dados divulgados pelo relatório não surpreenderam. "A questão dos direitos humanos, apesar da redemocratização nos anos 80, não teve o avanço esperado em muitas áreas. O diagnóstico tem mostrado isso, a dificuldade de transformar em prática as retóricas de grupos políticos."
O desemprego também foi um dos assuntos do relatório. Segundo o artigo do professor de economia da Unicamp, Márcio Pochman, o problema atinge atualmente de forma generalizada a praticamente todos os segmentos sociais, inclusive as camadas com maior escolaridade.
Outro tema analisado pelo documento foi a situação dos migrante no país. Estima-se que 40% dos latino-americanos que vivem em São Paulo estão em situação irregular. Segundo o relatório, por formarem um "verdadeiro exército de mão-de-obra barata e abundante", eles acabam "como trabalhadores escravos em oficinas de costura na região central de São Paulo".
A violência contra a mulher também foi abordada. Para o relatório, a cada 15 segundos, uma mulher brasileira é espancada.
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