O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Armas, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), informou que o trabalho da comissão, cujo prazo expira em 1° de novembro, está praticamente concluído. Segundo ele, em seu relatório, apresentará uma radiografia "inédita e completa" sobre o tráfico de armas no Brasil e irá propor uma série de medidas para combater o crime. "Existem questões que envolvem desde o policiamento de fronteiras, até alterações no registro das armas", afirmou.
O parlamentar também citou medidas específicas de combate ao crime organizado, como a tipificação do crime organizado no Brasil e a exigência de revista para a entrada de advogados dentro de presídios, para impedir a entrega de telefones celulares aos presos. "Constatamos que o celular, hoje, é uma das grandes armas utilizadas pelos criminosos para articular os seus crimes, entre eles o tráfico de drogas e armas", disse o relator.
Pimenta adiantou que em seu relatório também será sugerido tratamento mais rigoroso para os líderes das facções criminosas. A idéia é garantir a permanência deles em regimes disciplinares diferenciados e em prédios mais modernos e seguros, como a penintenciária de Catanduvas, no Paraná, o primeiro presídio federal do País.
A CPI tem concentrado as investigações finais no envolvimento de advogados com o crime organizado. Uma equipe formada pela Consultoria da Câmara e a Polícia Federal trabalha no cruzamento de dados referentes à quebra de sigilo telefônico de 24 advogados.
As informações obtidas com a quebra dos sigilos bancário e fiscal dos suspeitos estão sendo analisadas por técnicos do Banco Central e serão enviadas à CPI, para avaliação do relator. Paulo Pimenta lembra que a CPI foi muito criticada quando começou a acusar advogados de participação em esquemas criminosos, mas não se abateu.
De acordo com o relator, maus profissionais utilizam-se das prerrogativas da carteira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para entrar e circular nos presídios e servir de "pombo-correio" para as quadrilhas.
Segundo Pimenta, à medida que as investigações avançam, os indícios tornam-se cada vez mais fortes, a exemplo do envolvimento da advogada Suzana Volpini Micheli - casada com um juiz -, que teria ligações com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
- Essa advogada tem, em um ano, a movimentação financeira superior a R$ 700 mil, sem que sequer tenha feito a declaração do Imposto de Renda como contribuinte. Fez uma declaração de isento - destacou o relator.
De acordo com o deputado, esse montante significa uma movimentação de mais de R$ 50 mil por mês, "claramente identificada no esquema de facilitação de fugas (de presos) e de transferência de criminosos".
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