MP pede mais informações
A Promotoria de Proteção ao Patrimônio Público requisitou à Sanepar nesta semana uma série de informações a respeito da gestão do contrato com a Pavibrás e os pagamentos realizados à empreiteira. Segundo o Ministério Público, a investigação está na etapa de verificação dos indícios de irregularidades na gestão do contrato.
O MP informou que, com as informações fornecidas até agora, não conseguiu fechar os cálculos da gestão do contrato entre a estatal e a empreiteira. O requerimento encaminhado à Sanepar pede, entre outras coisas, informações sobre "os motivos fáticos e os fundamentos jurídicos" que embasaram um dos acordos de aditivo financeiro, de dezembro de 2004, no qual a Sanepar se comprometeu a pagar à Pavibrás R$ 25,3 milhões além do previsto em contrato. O MP quer saber quais foram os critérios usados para se chegar ao índice de reequilíbrio. Outro questionamento do Ministério Público se refere justamente à existência de eventual apuração interna realizada pela Sanepar sobre a gestão do contrato com a Pavibrás, o que foi realizado pela sindicância.
Segundo o MP, a vantagem de se investigar uma empresa pública é que todos os atos são documentados e têm um responsável, o que contribui para a apuração de responsabilidades. O inquérito foi aberto pelo Ministério Público em agosto de 2006 e teve como origem a divergência entre o então presidente do Conselho de Administração da Sanepar e procurador-geral do Estado, Sérgio Botto de Lacerda, e o conselheiro Pedro Henrique Xavier, na votação de um aditivo financeiro do contrato com a Pavibrás, no início daquele ano.
As conclusões da sindicância interna na Sanepar instaurada para investigar possíveis desvios de conduta de gerentes do programa Paranasan, em contratos com as empreiteiras Pavibrás e Itaú, não condizem com o material levantado pela própria auditoria. Assim pensa o presidente do Conselho de Administração da Sanepar, Pedro Henrique Xavier.
"Há a contradição entre o que foi apurado e a conclusão final, que isentou de quase total responsabilidade os gerentes envolvidos", declarou Xavier, lembrando que esse foi um dos motivos que o levou a encaminhar o relatório ao Ministério Público, no início da semana.
Xavier pretende convocar uma reunião do Conselho de Administração para o próximo dia 5 de julho, para discutir os resultados da sindicância. "O assunto não está encerrado no âmbito do conselho."
As obras de esgoto do programa Paranasan estão envoltas em uma série de denúncias. As que foram tocadas pela Pavibrás, no litoral, por exemplo, deveriam custar R$ 69 milhões, de acordo com a licitação, mas a empresa já recebeu R$ 113 milhões até o momento, devido a sucessivos aditivos financeiros pagos pela Sanepar. Além disso, a Pavibrás deixou as obras inacabadas.
As conclusões do relatório da sindicância da Sanepar, ao qual a Gazeta do Povo teve acesso junto ao Ministério Público, afirma que os procedimentos adotados pelos gestores foram adequados e atenderam às normas formais internas da empresa. A comissão de sindicância entendeu também que os gerentes não descumpriram o Estatuto da Sanepar ao conceder atestado de bom andamento de obra à Pavibrás.
O documento aponta erros e ausência de informações importantes em alguns dos pareceres técnicos. O próprio relatório mostra, por exemplo, que os critérios utilizados nos índices de reajuste do pagamento de despesas indiretas à Pavibrás não eram claros. Mas, na conclusão do documento, a equipe de sindicância entendeu que havia "ficado caracterizada a necessidade de concessão de pagamento de despesas indiretas e de promoção do reequilíbrio econômico financeiro" à Pavibrás.
Já nos pareceres que se referem ao acordo de reequilíbrio financeiro, de dezembro de 2004, a comissão de sindicância encontrou erros e ausência de dados relevantes "sobre reajuste, serviços contratuais, custos diretos, correção monetária". A comissão de sindicância lembrou, porém, que a Pavibrás queria R$ 30 milhões e a Sanepar acabou fechando um acordo de R$ 25,3 milhões a serem pagos.
As responsabilidades sobre os pareceres foram atribuídas pela sindicância ao ex-gerente-geral do Paranasan Mário Penna Guedes Júnior e aos ex-gerentes Cristiane Schwanka e Mauro Vianna.
Outro fato analisado pela comissão de sindicância refere-se à execução de serviços extracontratuais pela Construtora Itaú atos que deveriam ter sido aprovados pelo Conselho de Administração. A comissão argumentou que, embora não tenha ocorrido prévia aprovação do órgão, os serviços "foram executados e devidamente instruídos".
A sindicância foi instaurada no início do ano, quando o presidente do Conselho de Administração era o então procurador-geral do Estado Sérgio Botto de Lacerda.
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