Moradores do Morumbi vão entregar ao Ministério Público um relatório sobre a situação de casas das ruas Arquimedes Buzacas, Waldomiro Fleuri, Bruno Lobo e Tiapira. Os imóveis apresentam rachaduras provocadas pelas obras de um poço de ventilação da Linha 4 do metrô, na esquina das avenidas Três Poderes e Francisco Morato, do lado oposto do Rio Pinheiros, onde ocorreu o acidente que matou sete pessoas.
Seis famílias já foram desalojadas e levadas para um flat por causa de rachaduras em suas casas nos últimos dois meses. Uma casa na Rua Bruno Lobo teve de ser escorada com barras de ferro. As enormes rachaduras assustam os vizinhos.
- Estamos preocupados porque a rachadura já fez as telhas da minha casa deslizarem - diz a advogada Vanete de Camargo Gonçalez, que já não estaciona seus carros na garagem, por medo que a casa vizinha tombe sobre ela.
Não há seguranças nas casas que foram desocupadas pelos moradores, nem faixas de isolamento identificando os riscos. Uma das residências, na Rua Tiapira, continua ocupada, apesar de o pavimento ter cedido e haver rachaduras visíveis do lado de fora.
Neste sábado, o secretário de Transportes do estado, José Luiz Portella, vistoriou o poço de ventilação e pediu ao Consórcio Via Amarela, responsável pela obra, que faça uma nova inspeção de segurança ao longo de toda a linha 4 para tranqüilizar a população.
As explosões no Morumbi continuam e assustam os moradores. No sábado, uma forte detonação no poço de respiro da Praça dos Três Poderes chamou a atenção.
- Normalmente, a vibração é linear. Mas a de sábado foi de baixo para cima, a casa balançou. Parecia uma peteca - disse a administradora de empresas Adriana Prada Cavalheiro.
- Os engenheiros vêm e dizem que é normal. Mas estão explodindo cada vez mais - diz ela.
A cobertura da garagem da casa dela está cedendo. A detonação de sábado, segundo uma outra moradora, foi diferente das demais por conta do impacto.
Depois do acidente ocorrido em Pinheiros, no dia 12 de janeiro, em que sete pessoas morreram, os moradores temem o mesmo destino àquela região. Há várias casas rachadas e com desnível ainda habitadas.
Morando num flat desde dezembro, a aposentada Guiomar Aragão quer saber quando poderá voltar para casa, na arborizada Rua Tiapira, onde vive há 40 anos. Ela volta lá todos os dias para se certificar de que a história da família ainda está preservada: as fotos, os quadros e os livros.
- Não vão botar minha casa no chão sem eu brigar - afirmou.
As famílias reclamam da falta de atenção e de informações por parte do Consórcio Via Amarela, responsável pela construção da linha 4, do governo do estado e do Metrô.
- Dizem que os engenheiros fazem as vistorias. Mas aqui nunca passou ninguém, nem antes da obra - diz a jornalista Marcia Vairoletti, da Associação de Segurança e Cidadania do Movimento Defenda São Paulo, que vai entregar o relatório ao Ministério Público.
As reclamações são parecidas com as feitas por moradores da região da Rua da Consolação, onde está sendo construída a Estação Higienópolis, e nas Ruas Amaro Cavalheiro e Paschoal Bianco, em Pinheiros. O forro da cozinha de uma casa na Paschoal Bianco desabou cerca de um mês antes do acidente em Pinheiros. Essas ruas estão onde há obras de expansão da linha 4.
A Companhia do Metropolitano informou que as detonações fazem parte da rotina da obra e que não há riscos.
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