Brasília (Folhapress) Relatório preliminar da CPI dos Correios, divulgado ontem pelo deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), relacionou os pagamentos do mensalão ao ingresso de deputados federais de diversos partidos no PTB e no PP e a votações de interesse do governo federal no Congresso Nacional. Apontou ainda que, no caso de alguns pagamentos ao PL, a periodicidade chegou a ser semanal, classificado ontem em tom irônico de "semanadão".
Segundo o relatório, foram registrados pagamentos a deputados aliados do governo concentrados "em datas próximas às votações".
Esse comportamento é registrado, de acordo com a CPI, a partir de setembro de 2003. Poucos dias antes, 27 de agosto, ocorrera a votação da polêmica reforma da Previdência Social.
Nessa mesma época muda a sistemática da retirada do dinheiro das empresas do publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza. O esquema, que antes era feito com saques na boca do caixa, passou a ser feito por meio de transferências bancárias para empresas.
A planilha apresentada pela CPI, porém, registra saques para empresas e pessoas que não são parlamentares. Os petistas pediram cautela na análise dos dados.
"Evidentemente que existem algumas coincidências que surpreendem, em função de saques, de migrações partidárias, mas vamos ter as próximas semanas para apurar e ter claramente um quadro de como esses saques poderiam interferir nessas ações do Congresso", afirmou o presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), que prometeu um relatório final "equilibrado".
O dinheiro supostamente destinado a engordar as filiações no PTB se concentrou em maio de 2003. No PP, entre janeiro e fevereiro de 2004.
Os pagamentos destinados ao PP pelo esquema montado pelo PT e pelo publicitário mineiro Marcos Valério, intermediados pela corretora Bônus-Banval, obedeceram a intervalos de 48 e 72 horas e ocorreram principalmente entre janeiro e fevereiro de 2004. PTB, PP e PL engordaram suas bancadas de deputados nos primeiros meses da gestão Lula.
O relatório conceituou o termo mensalão, usado pela primeira vez em junho, pelo deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), que denunciou o esquema: "Fundo de recursos utilizado, especialmente, para atendimento a interesses político-partidários".
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