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Um acordo costurado durante esta quarta-feira e que será concluído na manhã de quinta dará redação final ao relatório da CPI dos Bingos, que será apresentado e lido nesta quinta. Em jogo na negociação está, principalmente, a lista de indiciamentos que serão pedidos pela comissão, que, segundo o próprio relator, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), "pode ser alterada até o último minuto". Mas a tendência é que o documento seja mais leve do que o discurso da oposição, disposta a fazer concessões, em quase um ano de investigações.

Está praticamente acertado, por exemplo, que o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) e o chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, fiquem fora dos pedidos de indiciamento. A oposição já aceita apenas citar os dois no relatório, pedindo ao Ministério Público que aprofunde as investigações. Dirceu e Carvalho são acusados pelos irmãos do prefeito assassinado de Santo André Celso Daniel de comandar um caixa dois petista no município.

- Até o final pode mudar tudo, eu posso fazer concessões mas desde que o governo não faça pedidos muito radicais - disse Garibaldi, sem especificar que pedidos seriam estes.

O ponto de maior conflito na elaboração do relatório é a inclusão ou não do presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, na lista de indiciamentos sugeridos. A oposição não aceita deixar seu nome de fora do rol de indiciados e o governo ameaça até apresentar um relatório paralelo caso ele seja incluído. Se os governistas forem maioria no dia de votação do relatório, que deve ficar para semana que vem, o presidente da CPI, senador Efraim Morais, ameaça prorrogar a comissão até outubro. Como o Senado praticamente pára durante o período eleitoral, a CPI poderia ficar sem o documento final.

Amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Okamotto é investigado pela suspeita de usar dinheiro de caixa dois para pagar dívidas de Lula com o PT. Ele conseguiu impedir no Supremo Tribunal Federal (STF) que a CPI tivesse acesso a seu sigilo bancário. Mas a oposição se apóia em um relatório do Conselho de Controle de Atividades financeiras (Coaf) que afirma que a empresa de sua família, a Red Star, teve movimentação "incompatível com o patrimônio e a capacidade financeira presumida".

- O caso dele se agrava porque tentou insistentemente obstruir as investigações - disse o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), destacado para negociar um acordo com o governo.

O governo diz que nada ficou provado contra ele e que a apuração está fora do foco da comissão.

- O único objetivo disso é atingir o presidente Lula. Não vamos aceitar nada que não seja bingos - rebateu a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti.

O governo, no entanto, deve permitir que seja pedido o indiciamento do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci. A avaliação é que ele se desgastou demais no episódio da quebra de sigilo do caseiro Francenildo Costa. Mas a oposição também planeja pedir o indiciamento de Palocci pelo suposto envolvimento dele com o caixa dois na prefeitura de Ribeirão Preto, durante sua segunda gestão. Palocci foi denunciado por seu ex-assessor Rogério Buratti.

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