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Atualizada no dia 08/06 às 18h36

O relatório final da CPI dos Bingos, apresentado nesta quinta-feira no Senado, pede o indiciamento de 79 pessoas e quatro empresas. Entre eles estão o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci, o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, o ex-assessor da Casa Civil, Waldomiro Diniz, e a empresa Gtech Brasil.

Não foram citados o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e o chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, que também foram alvo das investigações. O relator da CPI, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), negou ter recebido pressão para excluir os nomes dos dois:

- Sempre tive a convicção de que a investigação poderia evoluir e trazer novas denúncias, fatos e elementos que levassem à inclusão dos dois nomes. Isso praticamente não aconteceu porque o depoimento se tornou sempre repetitivo. Quero salientar que posso até ter errado, mas o erro foi cometido em razão da minha conduta, não por pressão de ninguém.

A CPI foi criada em 29 de junho do ano passado para investigar a relação das casas de bingo com a lavagem de dinheiro e o crime organizado, mas atuou em diversas outras frentes de apuração e por isso foi chamada por governistas de CPI do Fim do Mundo.

A exclusão dos nomes fez o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) declarar que pedirá vista do relatório. O tucano afirmou que respeita o trabalho de Garibaldi, mas que discorda do não indiciamento de "certas autoridades". O senador Tião Viana (PT-AC) também anunciou que irá apresentar voto em separado ao relatório e chegou a criticar a CPI dos Bingos por ter, segundo ele, ultrapassado o fato determinado em suas investigações.

O relator pede o indiciamento de Okamotto, amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por lavagem de dinheiro e crime contra a ordem tributária. O ponto de maior conflito no acordo entre governo e oposição que vinha sendo costurado nos últimos dias foi justamente a inclusão do presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, entre os indiciados. A oposição não aceitava deixar seu nome fora; os governistas ameaçaram fazer um relatório paralelo caso ele fosse incluído.

O presidente do Sebrae é citado em investigação sobre um esquema de corrupção nas prefeituras do interior. Além disso, Garibaldi afirma que há suspeita que o presidente do Sebrae saldou dívidas do presidente Lula e de sua filha Lurian com dinheiro proveniente de caixa dois.

"O problema é que tais pagamentos nunca foram devidamente comprovados, dando margem à suspeita de que, na verdade, o dinheiro seja oriundo de caixa 2 que abastecia a tesouraria petista", diz o relatório.

De acordo com o texto, Palocci incorreu nos crimes de formação de quadrilha, falsidade ideológica, peculato, lavagem de dinheiro e improbidade administrativa. O documento afirma que ficou demonstrada a existência de fraude na varrição em Ribeirão Preto, na administração de Palocci. A empreiteira Leão Leão é acusada pelo advogado Rogério Tadeu Buratti de pagar propina ao PT, e de receber tratamento preferencial da prefeitura de Ribeirão Preto em 2001 e 2002, em relação a outros prestadores de serviço.

No documento final, o relator divide os pedidos de indiciamentos por casos. O primeiro é sobre a Loteria do Rio de Janeiro, que foi um dos primeiros fatos que levou à criação da CPI e revelou um esquema de propinas envolvendo o mercado de jogos no Rio de Janeiro. Depois vem o caso da máfia do lixo em Ribeirão Preto. Em terceiro, o assassinato do prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel. Também há pedidos de indiciamento sobre irregularidades em financiamento de campanhas.

E por último, pedidos de indiciamento sobre a renovação de contrato entre a Caixa Econômica Federal e a Gtech. Neste caso, a CPI já havia divulgado relatório parcial pedindo o indiciamento de 34 pessoas, entre os 79 pedidos totais. O relatório possui 1.400 páginas e está sendo lido na sessão de hoje. O texto ainda previsa ser votado nos próximos dias.

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