Nesta semana, uma “esticada” do governador Beto Richa (PSDB) na França causou polêmica. Sem agenda oficial no país, ele passou dois dias hospedado em um hotel de luxo, às custas do estado. Segundo o governo, tratou-se de uma “parada técnica” – não havia mais lugares em voos para Xangai, na China, onde a viagem oficial deve realmente começar. Entretanto, isso não evitou que a viagem fosse duramente criticada por eleitores e pela oposição.
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Esta, porém, não é a primeira vez que Richa viaja oficialmente como governador – tampouco, a primeira vez que uma viagem causa polêmica. Em 2013, uma escala não programada feita pelo governador em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, também causou polêmica por causa de um GP de Fórmula 1 que ocorria na cidade na mesma semana.
Ao todo, a atual viagem é a sexta em quase cinco anos de governo. O governador passou por 12 países. Contando a atual viagem, o país mais visitado é a França, onde Richa esteve em 2011, 2013 e 2015. Ele está, também, em sua segunda visita à China e à Rússia. O governador também viajou para Estados Unidos e Itália, duas vezes para cada país, Alemanha, Polônia, Ucrânia, República Tcheca, Croácia, Emirados Árabes Unidos e Líbano.
Ao todo, somente em diárias, o governador gastou R$ 150,1 mil – considerando já os gastos da viagem atual. O levantamento não considera viagens de cunho pessoal, pagas pelo próprio governador – como férias e eventos privados. Os números podem parecer altos, mas, na gestão anterior, Roberto Requião fez 28 viagens e esteve em 15 países diferentes.
Relembre as outras viagens oficiais de Richa – e suas histórias.
Um tour na Europa
Datas: de 19 de agosto a 1º de setembro de 2011
Custo: R$ 23 mil
Em agosto de 2011, Richa fez sua primeira viagem oficial ao exterior como governador do estado. Acompanhado de empresários, secretários e dos deputados Ademar Traiano (PSDB) e Valdir Rossoni (PSDB), ele viajou para Alemanha, Ucrânia, Polônia, República Tcheca, França e Itália.
O grande evento da viagem era a participação de Richa nas festividades dos 120 anos da migração ucraniana para o Brasil e 20 anos da independência da Ucrânia – até 1991 parte da extinta União Soviética. Ele também visitou empresas e estádios na Polônia. Na época, os dois do leste europeu países foram sede da Eurocopa – e o Brasil receberia a Copa do Mundo dois anos depois.
Às vésperas da viagem, constava na agenda oficial que ele passaria dois dias na cidade de Praga, na República Tcheca. Entretanto, no dia que o avião saiu do Brasil, ainda não havia nenhuma agenda confirmada na cidade.
O tucano de Wall Street
Datas: de 24 de junho a 28 de junho de 2012
Custo: R$ 18,7 mil
Em 2012, Richa viajou para os Estados Unidos para evento da Copel na Bolsa de Valores de Nova York. Na ocasião, ele foi acompanhado pelo então presidente da Copel Lindolfo Zimmer e pelo deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB), na época secretário da Fazenda do Paraná. Na ocasião, a Bolsa homenageou a Copel: 15 anos antes, as ações da empresa começaram a ser negociadas no mercado americano.
Na Bolsa, o governador foi convidado a tocar o sino de abertura dos negócios. Trata-se de uma tradição de Wall Street, na qual empresários, políticos e celebridades tocam o sino que marca a abertura ou o fechamento das atividades do dia no local. Ao fazer isso, Richa se juntou a uma lista que inclui Nelson Mandela, Snoop Dogg, Michael Phelps e até mesmo personagens ficcionais como Mickey Mouse e a Pantera Cor de Rosa. O antecessor de Richa, Roberto Requião, também tocou o sino – duas vezes, uma em 2004, em pregão especial pelos 50 anos da Copel, outra em 2007, em comemoração aos dez anos da entrada das ações da companhia na Bolsa. Uma bela curiosidade para contar aos netinhos.
China, com escala em Dubai
Datas: de 29 de outubro a 12 de novembro de 2012
Custo: R$ 43,6 mil
A primeira viagem de Richa à China também teve uma escala polêmica. Depois de sair de Xangai, o governador passaria pelo Líbano, faria uma escala de algumas horas na Turquia e seguiria para a Itália, último destino da jornada. Entretanto, entre a China e o Líbano, a comitiva deu um pulo na cidade de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Em Abu Dhabi, a 100 km dali, ocorreria um GP da Fórmula 1.
A oposição na Assembleia juntou o desvio não programado com o gosto do governador por automobilismo e questionou a viagem. A suspeita era de que o governador deliberadamente deu uma “escapadinha” para assistir ao GP.
O governo, à época, negou: foi informado que o voo de Richa chegou a Dubai depois da corrida, e que a cidade foi incluída no roteiro para que o governador se reunisse com “autoridades diplomáticas”. A oposição fez um pedido de informações sobre o assunto, que foi rejeitado pela maioria governista.
Polêmicas à parte, nesta viagem Richa visitou pela primeira vez a empresa chinesa State Grid, parceira da Copel na construção e operação de linhas de energia entre o Paraná e o Mato Grosso.
O falso cônsul da Croácia
Datas: de 12 de maio a 24 de maio de 2013
Custo: R$ 14,6 mil
Na sua segunda viagem à Europa, a comitiva oficial de Richa contava com um personagem no mínimo curioso: um falso cônsul da Croácia. Na lista divulgada à imprensa pelo governo, constava o nome de Ahmed Nasser, listado como cônsul da Croácia no Paraná e Santa Catarina. Curiosamente, Nasser não tem cidadania croata – ou mesmo nome de croata. Além disso, não há nenhum consulado da Croácia no Paraná ou em Santa Catarina. Há, somente, a embaixada em Brasília e um consulado em São Paulo.
Na época, a reportagem da Gazeta do Povo foi informada pela embaixada da Croácia que o consulado para a região sul do país estava sendo instalado e que Nasser ainda não havia tomado posse – deixando no ar que ele seria nomeado para essa função. Dois anos depois, esse consulado ainda não existe e não há qualquer menção a Nasser como cônsul, exceto em matérias referentes a esse episódio.
Com ou sem cônsul, a Croácia foi a primeira parada de Richa na viagem. O governo chegou a anunciar que uma das empresas visitadas, a Dok-Ing, instalaria uma fábrica no estado, mas não há qualquer registro disso ter ocorrido desde então. Além da Croácia, Richa visitou empresas na área de saúde e energia na Rússia e, depois, se reuniu com o presidente da Renault na França.
De volta aos Estados Unidos
Datas: 1.º de novembro a 9 de novembro de 2013
Custo: R$ 12,1 mil
A última viagem oficial de Richa para o exterior antes da atual foi no final de 2013, para os Estados Unidos. Em Nova York, ele teve uma reunião na ONU para tratar da área social com o diretor do escritório regional para a América Latina e Caribe do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Ele também fez uma apresentação em evento do HSBC. Em Chicago, Richa deu uma palestra sobre o Paraná para alunos da Universidade de Chicago. Ele também assinou um termo de colaboração técnica com a empresa Motorola Solutions.