Brasília (AE) Depois de checar as contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, a CPI dos Correios avança sobre um novo alvo: as corretoras de valores. Análise preliminar dos técnicos da CPI sobre os dados bancários da Bônus Banval e da Natimar aponta que as corretoras funcionavam como lavanderias, regularizando dinheiro não contabilizado legalmente. Os dados indicam intensas intermediações de recursos entre corretoras e seguidas remessas de dinheiro para offshores e contas de possíveis laranjas. A nova fase das investigações anima a CPI. "Já está claro que o esquema do valerioduto se valeu de uma ampla rede de lavagem de dinheiro, inclusive no caso das corretoras", crê o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), sub-relator de Movimentação Financeira da comissão. "Os dados que começam a chegar já mostram isso."
O foco das investigações está na Bônus Banval e na Natimar, empresa ligada ao doleiro Najun Turner. Segundo Valério, a Bônus Banval recebeu R$ 10 milhões para repassar ao PT e ao PP, por orientação de Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, e do deputado José Janene (PR), até hoje líder do PP.
Segundo Enivaldo Quadrado, um dos donos da corretora, os pagamentos de Valério eram feitos por meio dos investimentos da Natimar na Bônus Banval. Ele diz que a Bônus Banval foi apenas usada no processo.
A CPI já sabe que a Bônus Banval recebeu pelo menos R$ 6,6 milhões das contas de Valério. O rastro do dinheiro revela origem na operação BB-Visanet, tida pela CPI como a primeira prova de que os cofres públicos abasteceram o mensalão.
Nessa operação, a agência DNA, ligada a Valério, recebeu R$ 36 milhões como "antecipação de lucros" da Visanet, que tem participação acionária do Banco do Brasil. Pelo menos R$ 10 milhões desse total foram utilizados para maquiar um dos empréstimos forjados de Valério no BMG. Agora, a CPI quer saber como a Bônus Banval investiu os R$ 6,6 milhões que recebeu do valerioduto. Os extratos bancários indicam que os depósitos nas contas da corretora eram seguidos de transferências para outras contas da própria Bônus Banval ou para um grupo pequeno de corretoras.
Os documentos da CPI mostram que as contas da Bônus Banval e da Natimar funcionavam como um duto de passagem de dinheiro. Os depósitos nas contas da corretora eram seguidos de transferências para outras contas da própria Bônus Banval ou para um grupo pequeno de corretoras.
Uma das empresas com mais intensa movimentação com a Bônus Banval, a Planner recebeu pelo menos R$ 8,1 milhões. Em contrapartida, enviou apenas R$ 832 mil à Bônus Banval. Outra movimentação suspeita aconteceu em 12 de maio último. A corretora recebeu um depósito de R$ 1,55 milhão, sem origem conhecida; no mesmo dia, repassou R$ 1,37 milhão à Athenas Trading, offshore com sede no Uruguai.
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