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A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) conversa com o senador José Pimentel (PT-CE) durante sessão deliberativa do Senado em que questionou a criação da CPI da Petrobras e adiou para esta quarta-feira definição sobre a investigação | Pedro França / Agência Senado
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) conversa com o senador José Pimentel (PT-CE) durante sessão deliberativa do Senado em que questionou a criação da CPI da Petrobras e adiou para esta quarta-feira definição sobre a investigação| Foto: Pedro França / Agência Senado

O que a oposição quer investigar:

1 - A compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA)

2 - Indícios de pagamento de propina a funcionários da estatal por uma companhia holandesa

3 - Denúncias de plataformas lançadas ao mar sem itens de segurança

4 - Indícios de superfaturamento na construção de refinarias

Cerveró se oferece para falar sobre Pasadena em carta

O ex-diretor internacional da Petrobras Nestor Cerveró se ofereceu, por meio de cartas, a prestar esclarecimentos no Congresso Nacional, na Polícia Federal e perante o Ministério Público sobre a compra da refinaria de Pasadena. Cerveró participou da negociação e foi apontado como autor do resumo executivo que balizou a aprovação da transação pelo Conselho de Administração da Petrobras em 2006. A estatal teve um prejuízo bilionário no negócio.

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Aliados querem CPI da Petrobras que investigue PSDB

A base aliada do governo no Senado reagiu e apresentou nesta terça-feira (1º) um requerimento para criar uma CPI da Petrobras com a tentativa de também investigar governos do PSDB. No pedido lido pelo senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), a base aliada cobra apurações de práticas de corrupção, lavagem de dinheiro, desvio de recursos e irregularidades em contratos do Metrô em São Paulo entre outros fatos.

O novo requerimento da CPI, lido logo em seguida ao requerimento da oposição, foi duramente criticado pela oposição. Para o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), querem "matar" a CPI por meio de uma manobra regimental. Até o fim da tarde, o requerimento da nova CPI ainda não havia sido divulgado pela Mesa Diretora, mas integrantes da base disseram que ele tinha recebido o apoio de 60 senadores. "O PMDB não pode ser serviçal da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR)", clamou o líder tucano ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Para Aloysio Nunes, a decisão de fazer essa CPI é uma "pouca vergonha" com o objetivo de "grilar" a CPI.

O presidente do Senado ficou de responder nesta quarta ao pedido feito pela oposição para anular o requerimento de criação da CPI da Petrobras juntamente com o escândalo do cartel do Metrô.

Senador tucano protocola pedido de impeachment de Dilma

Sob a alegação de que a presidente Dilma Rousseff (PT) cometeu ato de improbidade administrativa no processo de compra da refinaria de Pasadena (EUA), o senador Mário Couto (PSDB-PA) protocolou na tarde desta terça-feira (1º) um pedido de impeachment na Câmara dos Deputados.

O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), afirmou que o pedido de impeachment não tem "fundamento" nem "seriedade".

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Chefe da Petrobras nos EUA se opôs a preço de Pasadena

Presidente da Petrobras América entre 2007 e 2008, o engenheiro Alberto Guimarães se opôs à proposta da estatal de comprar 100% da refinaria de Pasadena. Ele também se mostrou preocupado com o valor oferecido para a sócia belga Astra Oil.

Sob o comando de José Sérgio Gabrielli, a Petrobras comprou 50% de Pasadena em 2006 por US$ 360 milhões e ofereceu US$ 700 milhões aos belgas para ficar com toda a refinaria em dezembro de 2007. Quem assinou a proposta foi o então diretor da área internacional, Nestor Cerveró. Em setembro, porém, o então presidente da Petrobras América, braço da estatal nos EUA, fez os alertas por e-mail aos executivos do Brasil.

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O requerimento para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar irregularidades na Petrobrasfoi lido no plenário do Senado nesta terça-feira (1º), mas uma questão de ordem apresentada pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) adiou pelo menos até a quarta-feira (2) a criação da CPI. Segundo Gleisi, o requerimento traz quatro diferentes acusações contra a Petrobras e não um único "fato determinado", uma das exigências para a abertura de uma CPI. O presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), que tem a prerrogativa de decidir a questão, disse que responderá na quarta-feira. "O requerimento apresenta fatos determinantes desconexos com apenas a Petrobras em comum", disse Gleisi, no plenário do Senado.

A convocação de uma CPI da Petrobras ganhou força depois da divulgação de novas informações sobre a aquisição de uma refinaria em Pasadena, nos Estados Unidos, pela empresa. A compra foi alvo de denúncias de superfaturamento. Apesar de o foco da investigação ser a compra da refinaria, a CPI também deve se debruçar sobre outros temas, como as investigações na Holanda que poderiam apontar pagamento de propina a funcionários da estatal, a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e até mesmo a ativação de plataformas de exploração de petróleo sem todas as condições de segurança.

O requerimento foi lido pela senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) a pedido de Renan. Após a leitura, começa a contar o prazo para que os senadores que mudarem de ideia possam retirar suas assinaturas. O período para a retirada das assinaturas, que se encerraria nesta terça-feira, só acabará à meia-noite de quarta-feira, dia em que Renan anunciará a sua decisão.

O pedido de CPI foi apresentando na semana passada pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR) com 28 assinaturas, uma a mais do necessário para a criação da comissão. Além dos senadores de oposição, apoiaram a investigação parlamentares do PP, PMDB, PDT e PSD, que fazem parte da base aliada, além dos senadores do PSB, que deixou a coalizão do governo no ano passado.

A estatal já vem sendo investigada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), Polícia Federal e Ministério Público Federal, além de ter promovido apuração interna sobre denúncias de pagamento de propina a seus funcionários. A Petrobras adquiriu 50% da refinaria em 2006 por US$ 360 milhões. Mas em seguida amargou uma batalha judicial com o parceiro no projeto, a Astra, que possuía os 50% restantes, e acabou sendo obrigada a desembolsar em 2012 mais US$ 820 milhões para ficar com a totalidade da empresa.

A criação de uma CPI para investigar a estatal deve causar dificuldades políticas à presidente Dilma Rousseff, que tenta a reeleição, mas o governo já vinha considerando inevitável a instalação da comissão. Além da mobilização no Senado, deputados também tentam obter assinaturas para a instalação de uma CPI mista, constituída por senadores e deputados.

Dilma diz que confia em aliados para impedir "motivações eleitorais" no Congresso

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira (1º) que confia nos aliados no Congresso para agir e "impedir que motivações meramente eleitorais" escondam a verdade, no momento em que a oposição e alguns parlamentares da base se preparam para instaurar uma CPI destinada a apurar denúncias de irregularidades na Petrobras. "Tenho certeza que nossos aliados saberão agir para impedir que motivações meramente eleitorais acabem por atropelar a clareza e esconder a verdade na busca de respostas para os grandes problemas nacionais", disse Dilma em discurso na cerimônia de posse de novos ministros, no Palácio do Planalto.

O governo já vem trabalhando com o cenário de que a criação da CPI é inevitável e passou a negociar com os líderes aliados a melhor estratégia para reduzir seus impactos, especialmente em ano de eleição.

A criação de uma CPI para investigar a estatal deve causar dificuldades políticas a Dilma, que tenta a reeleição, e também pode afetar economicamente a companhia, dependendo do avanço das investigações. "Tenho certeza, sobretudo, de que aquilo que o nosso povo quer, o governo e o Congresso Nacional unidos saberão fazer", disse Dilma ao dar posse ao deputado Ricardo Berzoini (PT-SP) na Secretaria das Relações Institucionais.

Berzoini assumiu no lugar de Ideli Salvatti, que passa a comandar a Secretaria de Direitos Humanos, substituindo a deputada Maria do Rosário (PT-RS), que disputará as eleições e teve que deixar o cargo.

A convocação de uma CPI da Petrobras ganhou força depois da divulgação de novas informações sobre a aquisição da uma refinaria em Pasadena, nos Estados Unidos, pela empresa. Uma nota de Dilma informando que a decisão foi tomada com base num documento "técnico e juridicamente falhos" deu novos contornos políticos ao caso, e a oposição conseguiu o apoio suficiente para a investigação política.

O novo ministro das Relações Institucionais, que já participou das articulações da CPI nos últimos dias, afirmou que os líderes aliados decidirão qual a melhor estratégia e também disse que o governo quer evitar a disputa política em torno da estatal. "Nós queremos que seja uma apuração dentro da legalidade, sabendo que CPI é ambiente político, mas reduzindo a disputa político eleitoral", disse Berzoini, indicando que o governo já não tem como evitar a investigação no Congresso.

Berzoini reuniu-se nesta manhã de terça com o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, para tratar do assunto e também participaria de um almoço com Dilma para ouvir suas orientações nesta terça.

Estratégia e articulação

Os líderes aliados ainda não chegaram a um consenso se causará menos danos ao governo uma CPI apenas no Senado ou mista, com deputados e senadores. Na semana passada, a oposição protocolou no Senado pedido de CPI. Na Câmara, parlamentares também se mobilizam. Alguns aliados acreditam que não há como evitar uma comissão mista, mesmo se o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), criar oficialmente a CPI na Casa nesta terça.

Há ainda os que defendem que o governo articule uma outra CPI, também mista, para investigar o suposto esquema de cartel na licitação do metrô em São Paulo durante os governos do PSDB. Essa seria uma forma de contra-atacar a oposição que encabeçou a criação da CPI da Petrobras e retaliar os tucanos durante o período eleitoral.

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que está coletando as assinaturas para a CPI do suposto cartel, disse que faltam cerca de 20 assinaturas na Câmara, que espera obter nesta terça para começar a buscar apoio no Senado e criar uma CPI mista. Duas fontes do governo disseram à Reuters nesta terça, sob condição de anonimato, que a tendência majoritária dos aliados é optar por uma CPI mista da Petrobras e que se articule a criação de uma comissão para investigar o escândalo do cartel de São Paulo.

Questionado sobre uma outra comissão para investigar as denúncias de cartel em São Paulo, Berzoini disse que não há orientação do governo sobre isso, mas que os líderes podem julgar se essa é a melhor estratégia. "Nós achamos que se é para ter investigação de alguns assuntos candentes, nós temos vários assuntos, alguns que ainda não foram objeto de investigação do Congresso. Não há orientação do governo nessa questão", afirmou.

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