O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), está sendo chamado de “o senhor do tempo”, devido ao poder sobre a Casa que efetivamente vai julgar o processo de impeachment e seus ritos regimentais. Ele está sendo pressionado para agilizar os prazos pelo PMDB do vice-presidente Michel Temer e pela oposição, enquanto PT e PCdoB querem esticar ao máximo o calendário.
Veja como devem votar os senadores
Renan disse aos senadores que não vai atropelar os prazos, mas também não vai sentar em cima do processo contra a presidente Dilma Rousseff. Único grão-peemedebista a permanecer fiel aliado do Planalto, Renan confidenciou que se surpreendeu com a rapidez da onda pró-impeachment na Câmara, pois apostava na força do ex-presidente Lula para barrar o processo. E admitiu que, vencida esta etapa, o afastamento de Dilma é irreversível.
Não é o melhor cenário para Renan. Na disputa interna, o grupo do PMDB do Senado – comandado por ele e pelo líder do partido na Casa, Eunício Oliveira (CE) –, sempre acusou Temer de ser ligado ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), cujo protagonismo na sigla desaprova. Eles ainda dizem que o senador Romero Jucá (PMDB-RR), novo presidente do PMDB e porta-voz de Temer no Congresso, é mais afinado com Cunha.
Pressão
Renan está incomodado com as pressões que vem sofrendo de Temer, por meio do amigo Jucá, para que a votação da admissibilidade do processo de impeachment e o afastamento de Dilma por 180 dias ocorram já na última semana de abril. O prazo máximo é o dia 10 de maio. Há uma ala intermediária que aposta na votação nos dias 4 ou 5 de maio.
“Renan precisa entender que deve deixar a trincheira da Dilma”, disse um peemedebista.
O presidente do Senado tem optado pela cautela neste momento. Na semana passada, questionado por senadores como José Agripino Maia (RN), presidente nacional do DEM, se usaria sua cadeira para alongar prazos e “ajudar” Dilma, prometeu: “Eu não farei nada que manche a minha biografia”.
A aprovação do processo de afastamento pela Câmara será recebida nesta segunda-feira (18) e, terça-feira (19), deverá ser eleita a chapa da comissão especial do impeachment no Senado, que será comporta por 21 membros. Também nesta segunda, Renan apresentará aos líderes dos partidos, em reunião, um cronograma oficial preparado pela Secretaria Geral da Mesa do Senado e começará a negociação do rito.
Como é de seu estilo, Renan não abre toda a estratégia aos colegas. Mas já mostrou que quer o controle do processo. Em 1992, o impeachment foi conduzido pelo então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Agora, Renan já avisou que o entendimento da Casa é que o presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski, só presidirá o julgamento, ou seja, a sessão final.
Senadores têm a impressão de que Renan quer o controle para manter um poder inclusive junto a Temer, “que estará com uma espada na cabeça”, lembra um senador, até a votação final, provavelmente em setembro.
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