Renan Calheiros diz que vai lutar pela definição das novas regras pelo governo federal.| Foto: Jane de Araújo /Agência Senado

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), cobrou do governo da presidente Dilma Rousseff, nesta terça-feira, a regulamentação da lei que trocou o indexador da dívida dos estados e municípios. A lei foi sancionada em novembro e até agora não foi regulamentada pelo governo. Renan disse que os estados e municípios estão pagando “juros escorchantes” e que o Congresso não concordará mais com isso. Nos bastidores, os partidos já elaboram um projeto de regulamentação, caso o governo não tome uma atitude.

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Representante de um estado que será beneficiado pela mudança do indexador, Renan disse que vem conversando com os prefeitos do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), e de São Paulo, Fernando Haddad (SP), e que os apoia na luta pela definição das novas regras pelo governo federal.

— Tenho conversado com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, e com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Eu os apoio na rápida regulamentação da troca do indexador da dívida pública. Isso é uma coisa fundamental. Não dá para continuar cobrando dos estados estes juros escorchantes. O poder público, sobretudo estados e municípios, continuam sendo punidos com taxas da década de 90, que são IGP-DI mais 6% a 9%, e é importante que essa regulamentação aconteça. Que venha logo — disse Renan.

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Perguntado se essa demora do governo não era mais um exemplo da falta de articulação do governo, a quem já chamou de “capenga”, o senador disse que o Congresso vem esperando uma ação do governo desde novembro. Na época, o Congresso adiou para depois da eleição de outubro a votação do projeto de lei complementar, atendendo a pedido do próprio governo.

— O Congresso já levou essa matéria para depois da eleição, num calendário combinado com o próprio governo. Agora, não dá para não regulamentar. É fundamental que o governo mande logo a regulamentação, porque, não acontecendo isso, os estados continuarão pagando juros escorchantes. E o Congresso não vai concordar com isso — avisou Renan.

Para ele, é “fundamental” a regulamentação da lei.

— Houve um esforço do Congresso no sentido de que fizéssemos a troca do indexador - disse ele.

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Comemorada na época, a lei complementar 148, de 25 de novembro de 2014, muda o indexador que corrige as dívidas dos atuais 6% a 9% de juros mais IGP-DI, para 4% ao ano mais a variação da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA). Mas o projeto estabelece que a Taxa Selic seja usada como uma espécie de teto para as correção.

A lei também mexe no chamado estoque da dívida, permitindo abatimento. Pela proposta, no caso deste estoque, será feita uma análise do comportamento do estoque, levando em conta o atual índice de correção previsto no contrato e a variação da taxa Selic. Isso, na prática, vai reduzir o estoque.

No caso de São Paulo, a cidade poderá abater de seu estoque cerca de R$ 24 bilhões, reduzindo o volume de R$ 54 bilhões para R$ 30 bilhões, segundo informações da própria prefeitura.