Ao chegar ao Congresso na tarde desta quarta-feira, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), demonstrou tranqüilidade com a quebra de seus sigilos fiscal e bancário autorizada pelo STF, fez questão de dizer que é amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem recebeu ligação de apoio na noite de terça-feira e contra-atacou ao informar que pediu ao MP que invetigue o Grupo Abril, proprietário da revista "Veja", que tem feito seguidas denúncias contra ele. Numa espécie de recado ao presidente da República, que nesta terça disse que poderia pedir ao Senado para não deixar os processos contra Renan atrapalharem a vida da Casa, o senador disse ter certeza de que Lula "não cobraria nada do Senado" porque cada um chefia um poder.
- As coisas estão muito bem. Eu vou demonstrando com documentos e não discurso as provas contrárias a essas maledicências que disseram contra mim. O presidente Lula telefonou ontem à noite (terça). Mais do que uma relação política, tenho uma relação de amizade pessoal. Ele é meu amigo e não iria cobrar nada do Senado federal. Ele chefia um poder e eu chefio outro - disse.
O presidente do Senado informou que encaminhou na terça-feira ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, um ofício em que solicita a abertura de processo para investigar a existência de "crime ou infração de ordem econômica" na venda da TVA, empresa da Abril Comunicações S/A, para empresas estrangeiras.
A atitude de Renan é uma reação às seguidas denúncias da revista "Veja", da Editora Abril, contra ele, entre elas a de que o peemedebista teve contas pessoais pagas por um lobista.
No documento entregue ao Ministério Público, Renan anexou um parecer de Plínio de Aguiar Júnior, conselheiro da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que apontaria problemas na venda da TVA.
Quanto à sua situação, Renan, que teve seus sigilos fiscal e bancário qubrados, disse que está tranqüilo, apesar de estar sendo submetido a uma verdadeira devassa, e que vai provar sua inocência. Disse ainda que não teme ser investigado e que chegou a hora de abrir outros sigilos. Além da ligação de Lula, Renan disse que já recebeu a visita do presidente do PMDB, Michel Temer, e do ministro da Defesa, Nelson Jobim
- É uma oportunidade de provar a minha inocência. Estou tranqüilo. Já fiz a prova contrária. Abri os sigilos de minhas declarações de imposto de renda, agora chegou a hora de abrir os demais sigilos. As pessoas perguntam onde busco forças e digo que a minha força é do tamanho da minha inocência. Estou sendo submetido a uma devassa, outras pessoas talvez submetidas a essa devassa que estou sendo submetido não agüentariam nem dois dias (...) Eu não temo absolutamente por nada. Só temo a Deus. E vou fazer de tudo para demonstrar que a verdade está comigo. Não há uma só prova, não há uma só aspa, sou inocente - afirmou.
O presidente do Senado disse que o STF e o Conselho de Ética poderão dar nomes aos culpados e mostrar à sociedade com quem está a verdade, evitando o "noticiário esquizofrênico".
- Para haver uma investigação correta processualmente, recomendavel, é importante que as informações venham à baila. O Supremo Tribunal Federal e o Conselho de Ética são lugares importantes para que essa investigação se faça e a sociedade saiba com quem está a verdade. O que não pode é a sociedade ficar perdida num noticiário esquizofrênico, onde quem é vítima passa a ser culpado e quem é culpado passa a ser vítima. Isso é um absurdo! - protestou.
STF autoriza quebra de sigilos bancário e fiscal de Renan
O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta terça-feira a quebra dos sigilos bancário e fiscal do presidente do Senado,Renan Calheiros (PMDB-AL), atendendo a pedido do procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza. Lewandowski é o relator do processo que investiga se Renan usou recursos de um lobista para pagar contas pessoais. O ministro requisitou dados à Receita Federal a partir do ano 2000.
Renan subiu à tribuna na tarde desta terça para se defender das denúncias que têm sido feitas contra ele. Negou qualquer irregularidade em seu comportamento, disse que provou com documentos a total improcedência das denúncias feitas e voltou a atribuir as acusações às disputas paroquiais em Alagoas.
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