O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), confirmou nesta segunda-feira a reunião da Mesa Diretora, que vai decidir nesta terça-feira - véspera do início do recesso parlamentar - se encaminhará ou não à Polícia Federal (PF) o pedido de retomada da perícia nos documentos apresentados pelo parlamentar - acusado de ter despesas pessoais pagas por um lobista e de ter apresentado notas fiscais frias para comprovar seus rendimentos. Em comunicado transmitido pelo senador Valter Pereira (PMDB-MS) no plenário do Senado, Renan avisa que o vice-presidente, Tião Vianna (PT-AC), vai presidir a reunião, já que declarou-se "impedido" para tomar qualquer decisão a respeito do processo a que responde no Conselho de Ética.

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Segundo o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), Renan teria admitido que teria sido melhor se afastar da presidência para se defender.

- Hoje, o Renan já diz que talvez teria sido um erro não se afastar da presidência, mas admite que se sair agora, seria entregar os pontos - contou Cristovam.

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Para Renan, a melhor estratégia agora é continuar na presidência para angariar o máximo de apoios a fim de evitar sua cassação no plenário do Senado, onde o voto será secreto.

Oposição volta a ameaçar boicote a Rena se reunião for adiada

A oposição voltou a ameaçar um boicote a Renan, caso a reunião da Mesa seja novamente adiada. O líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), avisou nesta segunda-feira que seu partido "não votará nada mais" sob a presidência de Renan. Na semana passada, a oposição chegou a se retirar do plenário , após Renan adiar mais uma vez o andamento do processo.

- A Mesa é a instituição Senado. Não acredito que a instituição tenha interesse em procrastinar essa decisão que, aliás, há cerca de dois meses foi proposta pelo senador Renan Calheiros - acrescentou.

Para Agripino, um eventual pedido de vista na reunião seria um sinal de interferência do governo no caso.

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- Se alguém vier a pedir vista, seria para procrastinar. Tudo pararia por 12 ou 13 dias. Seria muito ruim para a imagem da instituição do Senado. O plenário estará vigilante. Se alguém pedir vista, será por orientação do Palácio do Planalto - disse.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), convocou para a manhã desta terça-feira uma reunião da bancada do partido para que o tucanato se mantenha "vigilante" antes da reunião da Mesa.

- Será muito bom para o quadro político do país que o acordo seja cumprido sem mais delongas. Não há razão para se postergar a investigação. Quem espera firmeza, não se decepcionará com os senadores do PSDB e da oposição - disse Virgílio.

O senador Papaléo Paes (PSDB-AP), suplente da Mesa Diretora, criticou a possibilidade de algum integrante do grupo pedir vista do processo. A manobra, que estaria sendo arquitetada por aliados do presidente do Senado, adiaria para agosto a decisão de pedir à PF a conclusão da perícia nos documentos de Renan.

- Se alguém amanhã (terça) fizer isso, será uma trapalhada muito grande e muito prejudicial à imagem do Senado. Não podemos perder mais tempo: é a imagem do Senado - disse o senador.

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O senador Magno Malta (PR-ES), quarto secretário da Mesa do Senado, negou que tenha recebido um telefonema do presidente do Senado, como chegou a ser divulgado, pedindo-lhe que pedisse vista do processo.

- Nunca recebi um telefonema do presidente do Senado nem me prestaria a isso (pedir vista). A Mesa tem que dar prosseguimento às investigações que estão sendo feitas no Conselho de Ética - afirmou Malta.

Planalto não vai mais interferir para tentar salvar Renan

Reportagem publicada nesta segunda-feira pelo jornal "O Globo" mostra que o Palácio do Planalto resolveu mudar a estratégia em relação à crise política envolvendo Renan. Segundo a reportagem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve adotar, a partir de agora, uma postura de espectador para evitar ser contaminado com o desgaste, em vez da articulação ativa nos bastidores em favor do aliado, que vinha fazendo até então. A avaliação no núcleo do governo é que é extremamente perigoso colar o destino de Renan ao Planalto. A ordem é deixar decantar a crise, para saber que força política vai prevalecer desse embate.

De acordo com a reportagem, a percepção no Planalto é de que nos últimos dias a situação de Renan se agravou. A articulação política do governo também já detectou que o alagoano já não tem seu maior trunfo do passado, que era um bom diálogo com a oposição. Isso ficou claro semana passada, no embate em plenário de Renan com senadores de PSDB e DEM. Por isso, o presidente vai adotar uma postura de neutralidade.

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