Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado Federal| Foto: Alan Marques/Folhapress

Com a decisão tomada de não promulgar a emenda constitucional que cria mais quatro tribunais no país, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), vai afirmar aos presidentes das principais entidades de juízes do país que uma suposta divergência na proposta aprovada pelo Congresso impede sua entrada em vigor de imediato.

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Renan vai se encontrar nesta terça-feira com os presidentes da Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil), AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) e da Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho).

As três entidades vão ao Senado defender a criação dos tribunais com o argumento de que há acúmulo de processos e da atual estrutura dos TRFs.

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No encontro, Renan vai afirmar que encaminhou a proposta para análise técnica e jurídica da Casa, por isso ainda não decidiu sobre a promulgação.Nos bastidores, porém, o presidente do Senado já tomou a decisão de barrar a proposta. A manobra de Renan tem o aval do governo, que teme um desfalque orçamentário com a ampliação da Justiça Federal de segunda instância no país --de cinco para nove TRFs (tribunais regionais federais).

O senador argumenta que, pelas regras do Congresso, se o Senado faz mudança de conteúdo de um projeto da Câmara, ou vice-versa, o texto não pode ser promulgado, tem que voltar para a Casa de origem para nova votação. Só são permitidas mudanças de redação que não alterem o mérito.

Segundo Renan, o texto aprovado pela Câmara, em abril, retirou um trecho aprovado no Senado que especificava como deveria ser a composição dos tribunais. O da Câmara remete a definição para os artigos da Constituição que falam sobre o assunto.

Os defensores da medida argumentam que não houve mudança no mérito.

Relator da emenda na Câmara, o deputado Eduardo Sciarra (PSD-PR) diz que a iniciativa de Renan não tem respaldo jurídico porque o senador José Sarney (PMDB-AP), à época na presidência do Senado, emitiu parecer dizendo que a mudança era legal.

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No começo de abril, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, trocou farpas com os presidentes das entidades que foram encontrá-lo para defender a aprovação da proposta. Na ocasião, Barbosa disse que os juízes agiram "na surdina" e de forma "sorrateira" na defesa da emenda e apostou que suas sedes serão construídas em "resorts e grandes praias".