O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse nesta terça-feira (29) que a decisão do PMDB de desembarcar do governo Dilma foi “democrática”, mas acrescentou esperar que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff não chegue ao Senado.
Renan não quis responder e encerrou a entrevista quando perguntado o que queria dizer com essa declaração de que esperava que o processo não passasse pelo crivo do Senado.
PMDB oficializa abandono de Dilma
Leia a matéria completaQuanto ao PMDB, Renan disse que não participou da reunião justamente para não “partidarizar” sua atuação como presidente do Senado, a Casa que julgará em instância final a presidente da República, se o processo passar pela Câmara.
“Não devo comentar porque qualquer comentário que fizer será no sentido da partidarização do papel institucional que exerço como presidente do Senado. Mas é uma decisão democrática do partido que tem que ser levada em conta, claro. Se esse processo chegar ao Senado, e espero que não chegue, vamos, juntamente com o STF, decidir o calendário. A Constituição prevê que esse julgamento aconteça em até seis meses”, disse Renan.
Perguntado se estava defendendo a permanência de Dilma, Renan respondeu: “Pessoal, obrigado por tudo. Com relação à crise, à possibilidade de o impeachment chegar ao Senado, devo dizer que tenho que me preservar o máximo possível para continuar com isenção e independência, porque, se chegar no Senado o impeachment, vamos conduzi-lo, presidir a instituição até o julgamento final que acontecerá em até seis meses. “
Renan repetiu várias vezes que continuará atuando como presidente do Senado e do Congresso, de forma isenta. Ele disse que se reuniu ontem (segunda-feira) com o vice-presidente Michel Temer para comunicar que não participaria da reunião do PMDB que aprovou por aclamação o afastamento do governo.
“O PMDB é um partido grande, é o maior partido congressual, grande, com muitas correntes e é um partido que não tem dono. É um partido democrático. Conversei ontem com Temer quando comuniquei que não iria participar da decisão, porque essa decisão não me dizia respeito diretamente porque, enquanto presidente do Senado, preferi não participar do governo”, disse Renan.
O senador disse que é preciso ter “calma e bom senso” neste momento político: “Cumpro o mais difícil papel que é, no momento mais historicamente conturbado, conduzir o Senado com independência, isenção, equilíbrio e devo fazer isso até o final do meu mandato. O momento político é um momento conturbado. Temos muita responsabilidade, é preciso encadear fatos políticos positivos.”
Sobre a entrega de cargos, Renan repetiu o discurso que nunca participou do governo. O presidente do Senado já avisou aos aliados que considerava o afastamento inevitável, mas que manteria o discurso de isenção.
“Sobre essa questão (dos cargos), tenho pouquíssimo a acrescentar. Lembram que sempre defendi que não deveria participar do governo, que a participação era incompatível com o papel que exerço como presidente do Senado”, disse ele.
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