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Fortalecido pela absolvição do plenário do Senado nesta quarta-feira (12) por uma diferença de 11 votos (foram 35 pela cassação, 40 contra e seis abstenções), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), se dedicará na próxima semana aos contatos com parlamentares que defenderam a sua perda de mandato.

"Ele [Renan] repete, sempre quando fala no assunto, que não guarda rancor e que quer dialogar", informou um deputado que acompanhou de perto as articulações que precederam a votação em plenário.

Renan Calheiros era acusado de ter recebido ajuda de um lobista para pagar despesas com a filha que teve com a jornalista Mônica Veloso.

O G1 conversou com dois integrantes da tropa de choque do presidente do Senado. Ambos disseram que Renan está "muito satisfeito" e classifica como "irretocável" a ação de dois pesos pesados do seu grupo de proteção: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o senador José Sarney (PMDB-AP). O alagoano analisou cuidadosamente todas declarações públicas de Lula e concluiu que o presidente foi leal do início ao fim.

Segundo esses aliados, o presidente da República jamais pediu diretamente que Renan se afastasse da Presidência da Casa. "Quando estourou o mensalão, o Renan nunca recomendou que Lula tirasse uma licença. O presidente agora não faria isso", disse um interlocutor do presidente do Senado.

CPMF

Renan Calheiros, como antecipou o G1, pretende tirar o foco das acusações contra ele se empenhando para a aprovação da CPMF, o chamado imposto do cheque. A matéria tem prioridade máxima no Palácio do Planalto e, com o apoio, o presidente do Senado se consolida como homem forte da cúpula do governo no Congresso.

Renan e os líderes do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e no Congresso, Roseana Sarney (PMDB-MA), estariam cientes de que podem ser decisivos na vitória do governo, que garantiria a arrecadação de cerca de R$ 39 bilhões em 2008.

A proposta foi aprovada na madrugada desta sexta-feira (14) pela Comissão Especial e, agora, deve ser votada em dois turnos pelo plenário da Câmara, antes de chegar ao Senado.

José Sarney

Quanto ao ex-presidente da República, os aliados rejeitam a percepção de que Sarney estivesse buscando o posto de Renan, que ocupara entre 2003 e 2005. "Ele [Sarney] nunca o abandonou. Participou de todos os momentos e sempre respeitou a estratégia de Renan", disse um parlamentar.

José Sarney foi apontado como o sucessor natural de Renan na presidência do Senado, em caso de cassação. Os principais líderes tucanos, Arthur Virgílio (PSDB-AM) e Tasso Jereissati (PSDB-CE), chegaram a se mobilizar para barrar a candidatura dele e alimentaram a indicação de Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) para o caso de processo sucessório no Senado.

Ressentimento

O ressentimento de Renan chega ao quarto andar do Palácio do Planalto. O presidente da Casa teria detectado ações contraditórias do ministro de Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia (PTB).

Os ataques reservados mais ferozes, no entanto, se concentram sobre os cinco parlamentares que, segundo Renan, trocaram de voto na última hora. Um deles é o potiguar Garibaldi Alves (PMDB-RN), que anunciou do plenário, um dia antes da sessão secreta, o voto pela perda de mandato.

Mesmo assim, o alagoano observa com otimismo alguns sinais claros de recuperação de prestígio. Nas últimas 48 horas, cerca de 20 senadores, diversos de oposição, o teriam procurado e aberto uma brecha para a retomada do diálogo institucional. "O movimento de reaproximação parte dos dois lados", revelou o senador Gilvam Borges (PMDB-AP).

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